Área ardida no Brasil equivale a meia Península Ibérica

De acordo com dados do projecto Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), arderam no Brasil 318 mil quilómetros quadrados de área florestal, em 2019, número equivalente a mais de metade do território correspondente à Península Ibérica, bem como a cerca de 3,5 vezes o território nacional.

Os incêndios destruíram praticamente o dobro da área ardida em 2018, cerca de 170 mil quilómetros quadrados, contudo este não foi o pior resultado dos últimos dez anos, existindo ainda outros dois significativamente mais graves, um ocorrido em 2012 com 391 mil quilómetros quadrados consumidos pelo fogo e outro em 2015, onde arderam 354 mil quilómetros quadrados.

Esta é a primeira vez desde 2012, ano em que foram recolhidos os dados, que se registou um aumento de área ardida em seis regiões brasileiras que constituem grandes ecossistemas. O maior aumento foi verificado no Pantanal (573%), seguindo-se de Pampa (127%), Caatinga (118%), Cerrado (74%), Amazónia (68%) e, por fim,  Mata Atlântica (46%).

A área consumida pelo fogo no Pantanal não é  particularmente elevada em termos absolutos, no entanto ainda acaba por corresponder a 13,9% do bioma, registando assim o maior índice nos últimos 15 anos.

André Luiz Siqueira, director-presidente da organização não governamental Ecoa, justifica este aumento exponencial dos incêndios «temos de ter em conta que tivemos um ano muito seco por aqui, tanto que existiram queimadas antes do tempo até ao início de dezembro, facto que é atípico», afirmou citado pelo site UOL.

«Outro factor está relacionado com o Pantanal fazer fronteira com a Bolívia, que ardeu muito em 2019», acrescentou André Luiz Siqueira. A Bolívia registou no ano passado 44.271 focos de incêndio, o maior número desde 2010, conforme dados do INPE.

Siqueira refere ainda que existiu uma fraca resposta dos órgãos públicos no combate aos incêndios «o estado do Mato Grosso do Sul não tinha meios para combater o fogo, inclusive necessitou de receber donativos para as operações».

O facto de maior destaque relativo aos incêndios na Amazónia, não foi tanto o aumento do número de incêndios, mas antes as consequências verificadas, bem como o impacto que foi muito mais destrutivo.