Alerta para emergências: empresa portuguesa garante desenvolvimento dos novos serviços de assistência do programa Galileo

A Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA) concedeu à GMV um contrato-quadro para desenvolver novas funcionalidades do Sistema de Alerta do Galileo (EmeRgency Alerting System ou ERAS nas suas siglas em inglês), permitindo à EUSPA fornecer novos serviços relacionados com emergências, concretamente o Sistema de Alerta por Satélite de Emergência (EWSS), o Sistema de Ativação Remota de Balizas e o Sistema de Comunicações Bidirecionais de Emergência, ambos do serviço SAR (Search and Rescue) do Galileo.

Este contrato, de quatro anos de duração e com um valor próximo dos 6 milhões de euros, permitirá um avanço significativo na capacidade de resposta da Europa a desastres naturais e provocados. A organização industrial liderada pela GMV inclui a Ineco, a ALTEN Spain e a Kineton como subcontratados.

O novo sistema ERAS permitirá às autoridades de proteção civil a transmissão de mensagens de alerta diretamente à população em áreas em risco ou já afetadas por um desastre natural ou provocado, que serão transmitidas diretamente pelos satélites Galileo a telefones inteligentes ou a qualquer outro dispositivo capaz de receber os sinais destes satélites. As mensagens de alerta poderão incluir informação relacionada com o tipo de risco, a sua gravidade, a área afetada, assim como o momento previsto de início e a sua duração. O sistema permitirá que as autoridades nacionais de proteção civil giram o conteúdo do alerta através de uma aplicação móvel ou de um portal web.

Inovação e vantagens do serviço em situações críticas

Os sistemas EWSS e ERAS serão outro importante diferenciador do sistema Galileo que permitirá melhorar a resiliência em situações críticas, complementando outros sistemas de alerta público existentes, oferecendo cobertura global e alcance à população de maneira rápida e independente das redes terrestres e móveis. O ERAS será especialmente benéfico e útil para habitantes de regiões remotas da Europa que tenham escassa ou nula cobertura de redes móveis.

Como complemento aos sistemas de alerta atualmente existentes, o ERAS permitirá aumentar a resiliência e a segurança dos cidadãos europeus face a quaisquer tipos de desastres. A utilização conjunta do ERAS e do Serviço de Gestão de Emergências proporcionado pelo Copernicus permitirá reforçar as políticas de prevenção, resposta e recuperação de desastres da União Europeia e dos seus Estados-Membros.

Espera-se que o sistema esteja plenamente operacional na primeira metade de 2026, o que representa um desafio em termos de prazos e complexidade técnica. A vasta experiência da GMV na execução de projetos similares representa uma garantia de êxito.

A Europa perante as alterações climáticas e a necessidade de adaptação

O relatório ESOTC (State of the Climate in Europe- Estado do Clima na Europa em 2024), elaborado pelo Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus sublinha os efeitos crescentes das alterações climáticas na Europa. Esta ferramenta é fundamental para governos, cientistas e público em geral, proporcionando dados que permitem uma melhor compreensão sobre o impacto das alterações climáticas na Europa e a tomada de decisões informadas sobre medidas a adotar.

Nos últimos cinco anos, a Europa testemunhou fenómenos extremos como ondas de calor, incêndios florestais, inundações e secas. O relatório ESOTC sublinha a crescente vulnerabilidade da Europa face a estes fenómenos, destacando a necessidade urgente de contar com sistemas de alerta eficazes, políticas climáticas robustas, adaptar as infraestruturas da Europa aos novos desafios climáticos e melhorar a planificação de forma a reduzir o impacto na população e no ambiente.

No ano passado presenciámos o maior incêndio florestal registado na Europa (Grécia, 2023), enquanto as temperaturas do mar Mediterrâneo atingiram níveis recorde. Para além disso, a Europa continua a ser o continente que aquece mais rapidamente, com valores que aumentam cerca de duas vezes mais rapidamente que a média global. As ondas de calor não apenas afetaram o meio ambiente, como também tiveram graves repercussões na saúde humana. Em Espanha, concretamente, registaram-se desastres naturais importantes durante os últimos cinco anos. Incêndios florestais devastadores, especialmente em 2022 e 2023, o incêndio em Serra Bermeja (2021) e os recentes em Tenerife (2023) encontram-se entre os piores, com milhares de hectares de destruição e a evacuação de centenas de pessoas. As ondas de calor foram também recorrentes. As mais recentes, em zonas de Castela-La Mancha e da Comunidade Valenciana, provocaram evacuações massivas e danos económicos muito importantes.

O uso conjunto do ERAS e do Serviço de Gestão de Emergências do Copernicus irá permitir alertar a população perante o risco de desastres como o recentemente ocorrido na Comunidade Valenciana.