Alemanha suspende certificação do Nort Stream 2. Futuros sobre gás europeu reagem em alta
Berlim suspendeu temporariamente a certificação do gasoduto Nord Stream 2. Os futuros sobre o gás europeu reagiram em alta.
De acordo com o diário ‘Financial Times’, o supervisor viu-se obrigado a embargar o lançamento do projeto, já que a companhia russa Gazprom ainda não estableceu “adequadamente uma empresa subsidiária em território germânico, como dita a lei alemã.
Os donos do Nord Stream2, cuja sede está estabelecida na Suíça criou uma subsidiária alemã para possuir e operar a seção alemã do oleoduto. Para o regulador é necessário que a entidade “seja independente” e obedeça aos requisitos “da lei alemã da energia”.
A decisão pode ser revista em março.
“O processo de certificação continua suspenso”, disse o regulador. Ele disse que o Nord Stream 2 poderia continuar a certificação dentro do período de quatro meses estabelecido pela lei.
Os futuros sobre o gás holandês (Title Transfer Facility), referência na Europa, com entrega prevista para 21 de dezembro, subiram 7,93% para os 87,70 dólares, contra os 83,1 dólares com que abriu o dia e longe dos 116,2 dólares que atingiu no dia 11 de novembro.
No mercado britânico, os futuros do gás com entrega prevista em dezembro caiu 8,3% para os 229 dólares.
Nord Stream está pronto para arrancar
Há um mês, a Gazprom anunciou que o gasoduto entre a Rússia e a Alemanha, estava “totalmente concluído” depois do projeto ter sido adiado devido às ameaças de sanções norte-americanas e das tensões geopolíticas.
“Após uma reunião de trabalho durante a manhã, na Gazprom, [o diretor geral do grupo] Alexei Miller disse, às 08:45 em Moscovo (05:45 em Lisboa), que a construção do gasoduto Nord Stream 2 está completamente concluída”, disse a companhia de energia numa mensagem divulgada através da rede de mensagens Telegram.
O gasoduto submarino no Mar Báltico deve duplicar as entregas de gás russo à Alemanha.
Para os Estados Unidos e detratores europeus do projeto, o gasoduto vai fazer aumentar de forma duradoura a dependência energética europeia em relação à Rússia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin, insistiram ao longo dos últimos anos que o Nord Stream era um projeto puramente comercial, sem qualquer caráter político.
O novo gasoduto, com uma capacidade de transporte de 55 mil milhões de metros cúbicos de gás anualmente, tem uma extensão 1.230 quilómetros sob o Mar Báltico estabelecendo a mesma rota que o Nord Stream 1, a operar desde 2012.
Nos últimos anos, o projeto foi criticado por Washington, assim como pela Ucrânia que vê a posição geopolítica fragilizada com o funcionamento do gasoduto entre a Rússia e a Alemanha.
A posição dos Estados Unidos mudou com a Administração do Presidente Joe Biden, que alcançou um compromisso entre Washington e Berlim sobre o assunto.
Para a Ucrânia, o gasoduto pode vir a privar Kiev de, pelo menos, 1,5 mil milhões de dólares anuais que recebe pelo trânsito de gás russo através de território ucraniano e que se destina ao bloco europeu.
Em agosto, a chanceler alemã disse na Ucrânia que Berlim iria “fazer tudo” para prorrogar o contrato de trânsito russo-ucraniano que formalmente expira em 2024.
Na mesma altura, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu a Merkel para considerar o Nord Stream 2 como uma “arma geopolítica perigosa”.