“Ainda estamos em casa doentes”: há 36 milhões de pessoas na Europa que sofrem de ‘Covid longo’, revela OMS

Cerca de 36 milhões de pessoas na Europa e na Ásia Central podem estar a apresentar sintomas de ‘Covid longo’, segundo novas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O ‘Covid longo’ é uma condição pós-viral caracterizada por sintomas que duram depois de alguém se ter recuperado de uma infeção pela Covid-19: recorde-se que entre os sintomas estão a fadiga, falta de ar, palpitações cardíacas, tosse, tontura, entre outros. “Um em cada 30 ainda acha difícil voltar à vida normal”, sustentou Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.

No início da pandemia, os pacientes descreveram que se sentiam abandonados, com recaídas ou novos sintomas após as suas infeções iniciais pela Covid-19, que por vezes não levadas a sério. Atualmente, há grupos de apoio crescentes para um fenómeno que, num estudo recente, foi apontado ocorrer em cerca de 10% das infeções agudas pela Covid-19.

“Estamos a ouvir as ligações de paciente com o ‘Covid longo’ e grupos de apoios, fazendo aumentar a consciencialização sobre esta situação. Mas claramente é preciso fazer-se muito mais para o entender”, referiu Kluge. “O ‘Covid longo’ continua a ser um ponto cego flagrante no nosso conhecimento, que precisa de ser preenchido com urgência.”

De acordo com um especialista médico, “sabíamos o que fazer no tratamento agudo da Covid-19 após ano e meio. Quando começámos, era uma doença completamente nova mas fizemos testes muito rápidos e em dois anos poderíamos dar tratamento de última geração para todas”, referiu. “Agora com o ‘Covid longo’… ainda estamos em casa doentes e nada está a acontecer.”

Para Catherine Smallwood, oficial sénior de emergência da OMS na Europa, há ainda trabalho a ser feito. Os profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, mas também pessoas que realizam investigações de saúde pública e testes laboratoriais, “sofreram nos últimos três anos e precisam de se recuperar melhor”, apontou.

A OMS declarou, a 5 de maio último, que a Covid-19 não constituía uma emergência de saúde pública global mas sim um problema de saúde contínuo – ainda assim, ocorrem a cada semana, devido à Covid-19, quase mil mortes. “Um em cada cinco países da região europeia ainda relata interrupções significativas na maioria dos ambientes de saúde e, portanto, ainda há muito trabalho a ser feito”, acrescentou Smallwood.

“Embora no dia a dia, tendemos a pensar que estamos fora da Covid-19. No entanto, nos nossos sistemas de saúde ainda está muito presente. Ainda impacta muito o nosso trabalho diário e há trabalho a ser feito”, finalizou.