Aguiar-Branco desvaloriza denúncia de Ventura: presidente da AR confirma conversa com deputado do Chega, mas “irrelevante” para investigação

José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, foi ouvido esta tarde no Aeroporto do Porto, após chegar de Espanha, e indicou que “teve uma conversa” com o líder parlamentar do Chega, Rui Paulo Sousa, no final do plenário na passada quinta-feira, mas que o encontro foi “informal” e “absolutamente irrelevante para a investigação”.

“Confirmo que falou comigo depois do plenário. Conversas que tenho com este deputado ou outro qualquer não as revelo. O que posso dizer é que era absolutamente irrelevante para os termos da investigação”, apontou o líder do Parlamento, garantindo que “até ao momento, que eu saiba, não há um pedido de levantamento da imunidade parlamentar” de Miguel Arruda.

“A alertar para quê?”, questionou Aguiar-Branco, sobre um alegado aviso do Chega para o conteúdo do gabinete de Miguel Arruda, indicado por André Ventura. “É verdade que Rui Paulo Sousa pediu para ter uma conversa comigo depois de um plenário, é verdade que teve essa conversa nos Passos Perdidos, em trânsito que eu estava para o meu gabinete, tal como muitos outros deputados pedem para falar comigo dessa forma. Aquilo que me foi dito era irrelevante, no meu entender, para efeitos da investigação em causa.”

“A diligência que aconteceu ontem é a dinâmica normal de uma investigação criminal, é dinâmica feita processualmente correta, solicitando a apreensão de um conjunto de bens que supostamente estarão relacionados com a prática de um crime. É pedida a colaboração da Assembleia da República, e tudo correu sem incidentes. Até fico surpreso com o tipo de preocupações que exige hoje”, salientou, sublinhando que tudo o que está “para lá disso, é retórica política, que não me compete, como presidente da Assembleia da República, contribuir para isso. O meu apelo é para que todos os deputados, todos, da forma como se comportam, o que dizem, o que põem no espaço público estas matérias, tenham em atenção que é preciso defender o Parlamento”.

“Ontem tive a indicação por parte dos serviços da Assembleia da República, que tinha sido solicitado pela Procuradoria-Geral da República, o cumprimento de uma diligência no âmbito de um processo em curso. Foi solicitada a colaboração da Assembleia da república, solicitado que contactássemos o deputado Miguel Arruda, para indicar o seu representante para acompanhar a mesma diligência. Foi cumprida no enquadramento legal que a situação exigir, sem incidentes, na presença do representante do deputado e com elementos do grupo parlamentar do Chega”, revelou Aguiar-Branco.

“Devemos fazer tudo para prestigiar a instituição Assembleia da República. Cada um de nós, somos mais do que representantes dos nossos eleitores, devemos ter atitude que dignifique o Parlamento. Toda a retórica política que depois se faz em torno destas situações, faço um apelo para que não aconteçam”, concluiu o líder da Assembleia da República.