“Agentes do caos”: Os aliados de Trump já são ‘saco de gatos’ à luta sobre alianças na Europa
Com Donald Trump prestes a assumir o cargo de Presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, o seu círculo de aliados está já envolto em conflitos internos. No centro da discórdia está a questão de quais líderes populistas europeus devem ser considerados dignos de apoio. A batalha reflete-se numa série de disputas e divergências que se intensificam, com possíveis implicações para a política transatlântica, e personificadas numa série de rostos polémicos, mas muito influentes nos respetivos círculos.
Entre os principais protagonistas/”agentes do caos” – como lhes chama o jornal Politico – deste cenário está Steve Bannon, ex-conselheiro da Casa Branca e ideólogo do movimento MAGA. Bannon, conhecido pelo seu discurso inflamado, criticou Elon Musk, acusando-o de estar “nas mãos da China” devido aos seus interesses comerciais. Apesar de posteriormente ter suavizado o tom, reconhecendo o valor de Musk para a propagação do populismo MAGA na Europa, as diferenças permanecem.
Musk, por seu lado, elogiou a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, considerando-a uma potencial confidente de Trump. No entanto, rumores de uma ligação pessoal levaram Musk a desmentir qualquer envolvimento romântico. Por outro lado, Bannon e outros apoiantes de Trump atacam Meloni, acusando-a de ser uma “esquerdista disfarçada de populista”, principalmente devido ao seu apoio à continuação da guerra na Ucrânia.
Disputas sobre liderança e alianças
As divergências não se limitam a Meloni. Bannon e Musk também divergem sobre Nigel Farage, líder do Reform UK. Musk declarou que o partido deveria substituir Farage, acusando-o de não apoiar figuras controversas como Tommy Robinson. Robinson, que cumpre uma pena de prisão por desacato ao tribunal, é visto como um extremista em muitos círculos britânicos, o que intensifica a disputa.
Estas rivalidades entre os aliados de Trump podem ter consequências significativas para a Europa. Durante o primeiro mandato de Trump, os líderes europeus enfrentaram desafios constantes, desde ameaças de retirada da NATO até conflitos sobre comércio e imigração. Com o regresso de Trump, o cenário promete ser igualmente tumultuado, não apenas pelas suas ações, mas também pelas intervenções dos seus associados como Musk e Bannon.
A imprevisibilidade e volatilidade do círculo de Trump representam um desafio acrescido para os diplomatas europeus, que terão de navegar num ambiente onde alianças e posições podem mudar abruptamente. A complexidade e a incerteza serão a norma, complicando a estratégia e as relações transatlânticas.
Assim retorno de Trump ao poder poderá trazer consigo uma nova era de conflitos internos e externos, com repercussões que ultrapassam as fronteiras dos Estados Unidos. Para a Europa, a tarefa será tentar decifrar o que cada movimento do círculo de Trump realmente significa e como melhor responder num cenário de caos e instabilidade política.