“A comunicação financeira promove um ecossistema financeiro saudável”, explica a coordenadora da Pós-Graduação da Católica

Compreender e dominar a arte de comunicar sobre assuntos financeiros é uma necessidade cada vez mais premente. A comunicação financeira é hoje um alicerce para construir um futuro financeiro sólido e transparente.

Filipa Oliveira, coordenadora da Pós-Graduação em Comunicação Financeira, explicou à Executive qual a importância da comunicação financeira e de formar novos talentos nesta área.

Em que consiste a Pós-Graduação em Comunicação Financeira e com que objetivo foi criada?

O mundo financeiro tem uma linguagem e dinâmica particulares, pelo que a sua comunicação terá sempre de ser feita por profissionais que compreendem as suas especificidades. Com uma componente financeira e de comunicação, esta pós-graduação pretende desafiar os formandos a desenvolverem estratégias de comunicação adaptadas ao sistema financeiro organizacional. Foi criada com o objetivo de dar resposta às organizações e aos profissionais que operam num ambiente financeiro cada vez mais concorrencial, complexo e imprevisível.

Como define concretamente comunicação financeira?

A ciência da comunicação é bastante elástica, podendo adaptar os seus meios e princípios a cada setor. Embora cada setor tenha as suas particularidades e linguagem próprias, a complexidade dos temas e do ambiente regulatório no sistema financeiro, bem como a relação mais exigente com acionistas, investidores, analistas, reguladores e comunidade financeira em geral, fazem com que uma formação destas seja essencial. A capacidade de gerir comunicação financeira de forma eficaz é essencial para manter a transparência, construir confiança com todos estes stakeholders e facilitar a tomada de decisões informadas. Envolve transmitir informações financeiras complexas de forma clara e compreensível, atendendo às necessidades de vários intervenientes.

Qual a necessidade de formar novos talentos numa área tão específica?

A comunicação financeira clara e oportuna desempenha um papel fundamental na formação de perceções, influenciando dinâmicas de mercado e promovendo um ecossistema financeiro saudável. Esta pós-graduação surge após ter sido detetada uma necessidade por parte de grandes, médias e pequenas empresas, incluindo start-ups que surgem no meio financeiro, nomeadamente fintechs. Mas também por parte dos profissionais de áreas mais concretas da comunicação, como consultores ou jornalistas, que lidam com conteúdo e informação financeiras.

Como analisa o corpo docente responsável por esta Pós-Graduação?

Nas nossas pós-graduações procuramos construir um corpo docente especialista nas componentes teóricas e práticas das áreas científicas em questão, que unem a experiência teórica e de investigação, com a componente prática do desenvolvimento profissional.

Assim, contamos com a colaboração de profissionais de organizações como a Cunha e Vaz & Associados, Euronext Lisbon, Semanário NOVO, Mota-Engil ou The Navigator Company, que se juntam ao corpo docente especializado em diferentes áreas da comunicação da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.

Como é que a pós-graduação promove a integração de profissionais de áreas tão diversas, como consultoria de comunicação, jornalismo e setor financeiro?

O curso oferece um plano curricular focado no pensamento estratégico da comunicação financeira e está estruturado em quatro componentes. Numa primeira, os formandos serão expostos aos fundamentos da comunicação e de temas financeiros.

Segue-se uma componente que pretende capacitar os alunos com competências que ampliem a sua eficácia comunicacional, explorando temas como influência, storytelling, oralidade, literacia financeira, entre outros. As duas últimas componentes exploram a estratégia, plano e execução da Comunicação Financeira.

Como é que a interação entre os diferentes profissionais é incentivada ao longo do curso?

O programa dirige-se a quadros médios e superiores, de empresas públicas e privadas, com interesse pelo tema da comunicação financeira e/ou responsáveis pela comunicação institucional, relações institucionais, relações com investidores, financeiros e jurídicos, que lidem com operações financeiras. Abrange ainda profissionais das áreas de gestão, jornalismo, consultoria, auditoria, entre outros que pretendam adquirir competências no desenvolvimento de comunicação financeira.

Ter profissionais de tão diversas áreas é extremamente rico e queremos tirar o maior partido das experiências dos formandos, pelo que o modelo pedagógico das aulas será teórico/prático, mas com um maior cariz prático e experiencial.

A formação está organizada através de métodos ativos de forma que os formandos adquiram competências, promovendo ainda a reflexão crítica individual e em grupo.