À atenção de Trump: líder da Gronelândia aumenta pressão pela independência da Dinamarca
O primeiro-ministro da Gronelândia, Mute Egede, enfatizou o seu desejo de independência da Dinamarca, o seu antigo governante colonial, durante o seu discurso de Ano Novo, marcando uma mudança significativa na retórica em torno do futuro da ilha do Ártico.
A intenção de Egede, que surge na sequência dos comentários do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, expressou o desejo de “propriedade e controlo” da Gronelândia, salientando a intenção de reforçar a cooperação com outros países.
“Já é tempo de nós próprios darmos um passo e moldarmos o nosso futuro, também no que diz respeito a quem iremos cooperar estreitamente e quem serão os nossos parceiros comerciais”, referiu.
Nos últimos anos, ganhou força um movimento independentista na Gronelândia, em parte devido a revelações de má conduta por parte das autoridades dinamarquesas durante o século XX, incluindo uma campanha de controlo involuntário da natalidade lançada na década de 1960.
A Gronelândia foi uma colónia dinamarquesa até 1953, mas é agora um território autónomo da Dinamarca e em 2009 conquistou o direito de reivindicar a independência através do voto. Em 2023, o Governo da Gronelândia apresentou o seu primeiro projeto de constituição. “A história e as condições atuais mostraram que a nossa cooperação com o Reino da Dinamarca não conseguiu criar a igualdade plena”, destacou Egede. “Chegou a altura de o nosso país dar o próximo passo. Tal como outros países do mundo, devemos trabalhar para remover os obstáculos à cooperação – que podemos descrever como as amarras do colonialismo – e avançar.”
Embora a maioria dos 57 mil habitantes da Gronelândia apoie a independência, há divergências quanto ao momento e ao potencial impacto nos níveis de vida.
O Governo da Gronelândia rejeitou por duas vezes as ofertas de Trump para comprar a ilha, em 2019 e novamente no ano passado, com Egede a afirmar que “a Gronelândia é nossa. Não estamos à venda e nunca estaremos à venda”.