1.º período termina hoje para milhares de alunos: “o pior foi a escassez de professores e as greves”, dizem diretores escolares, mas esperam-se boas notícias em 2025

O primeiro período do ano letivo chega ao fim esta terça-feira, encerrando três meses de aulas que ficaram marcados por problemas estruturais no setor da educação, como a falta de professores e greves de pessoal não docente. Milhares de alunos vão agora de férias, regressando às escolas no próximo dia 6 de janeiro, para dar início ao segundo período letivo.

Filinto Lima, presidente da direção da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), em declarações à Executive Digest, destacou os aspetos positivos e negativos deste período, apontando também as expectativas para os próximos meses.

Escassez de professores e greves nas escolas
Um dos maiores desafios deste período foi, mais uma vez, a falta de professores, um problema que se tem agravado ao longo dos últimos anos. Segundo Filinto Lima, “o pior aspeto deste período letivo foi a escassez de professores”. Este fenómeno, que afeta principalmente as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, começa agora a estender-se também às zonas Centro e Norte do país, especialmente no caso das substituições.

Além da escassez de docentes, as greves foram outro fator de grande impacto no funcionamento das escolas. “Durante o período letivo tivemos imensas greves”, afirmou Filinto Lima, referindo que contabilizou “pelo menos sete greves a uma sexta-feira e uma a uma quinta-feira”. Estas paralisações envolveram sindicatos de professores e de pessoal não docente, bem como três greves gerais, resultando no encerramento de várias escolas e em oito dias de aulas perdidos.

Os progressos alcançados
Apesar dos desafios, o presidente da ANDAEP sublinhou alguns aspetos positivos. Uma das conquistas destacadas foi o acordo histórico alcançado entre o Ministério da Educação e alguns sindicatos no ano letivo anterior, cujos efeitos positivos começaram a ser sentidos agora.

“Não há dúvida de que a paz e a estabilidade regressaram às escolas por parte dos professores”, afirmou. Contudo, reconheceu que ainda falta alcançar uma aproximação entre o Ministério da Educação e os sindicatos do pessoal não docente para garantir uma verdadeira tranquilidade nas escolas públicas.

Filinto Lima também elogiou a abertura do Ministério em melhorar as condições de trabalho dos assistentes operacionais, salientando a importância de rever os salários e as condições destes profissionais, que atualmente recebem pouco mais do que o salário mínimo nacional.

Perspetivas para os próximos períodos
Quanto ao futuro, o presidente da ANDAEP acredita que 2025 será marcado por intensas negociações no setor da educação. Apesar de já terem sido concluídas as negociações sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, fruto do acordo alcançado, ainda há muito a ser discutido.

Entre as prioridades, Filinto Lima apontou a revisão do estatuto da carreira docente, as condições de trabalho do pessoal não docente e a criação de um estatuto específico para os diretores escolares. “Há uma série de situações que terão por base negociações, e gostaríamos que terminassem resolvidas no menor espaço de tempo possível, e com as melhores soluções”, afirmou.

Com o início do segundo período em janeiro, no dia 6, espera-se um ano exigente para o setor da educação, com negociações que terão impacto direto nas condições de trabalho dos profissionais e no funcionamento das escolas.

Enquanto não chega, alunos e professores entram agora num período de pausa, essencial para recuperar energias antes dos desafios que 2025 promete trazer.