Laurent Diot (Renault): “Kadjar português só depois de 2016”

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A legislação portuguesa que define as classes das portagens nas autoestradas não está adaptada à realidade do mercado, nem à oferta automóvel, nem adaptada às regulamentações europeias de proteção de peões, explica Laurent Diot, administrador-delegado da Renault Portugal, na quarta e última parte da sua entrevista à automonitor.
Entre a nova Espace e o pequeno Captur a Renault em Portugal tem uma falha de gama, porque não dispõem do Kadkar. Como vão resolver o problema?
Na Europa não temos esse problema, pois o Kadjar, que é um crossover/SUV no segmento C , acima do Caputur, funciona extremamente bem. E ainda temos o Koleos, um pouco acima, no segmento E, que será renovado em breve.
Em Portugal, não dispomos do Kadjar, porque há uma regulamentação específica de portagens nas auto-estradas, que diferencias as viaturas entre classes. É uma regulamentação antiga e que já não está adaptada à realidade do mercado e à oferta automóvel, nem adaptada às regulamentações europeias de proteção de peões.
A regulação portuguesa penaliza os veículos de duas formas: pela altura do chão ao capô, na vertical do eixo dianteiro e pelo peso. Ora acontece que hoje os fabricantes de automóveis, para cumprirem as exigências de proteção e segurança, incluindo as regras de choque de peões, têm necessidade de fazer aumentar a altura do capô e, por isso, descriminar os veículos que têm uma altura mais alta vai em sentido contrário às tendências de segurança da Europa e nomeadamente de proteção dos peões em caso de atropelamento. Por outro lado, para escapar à penalização, a regulamentação impõe um maior peso dos veículos, o que vai contra a eficiência e a poupança de combustíveis, mais uma vez contrariando as tendências das leis europeias. Ou seja, a regulamentação portuguesa não faz hoje muito sentido.
Como vão então resolver o problema do Kadjar, que perante a legislação portuguesa é penalizado pelas Classe 2 das portagens?
Não podemos estar ausentes deste segmento e é por isso que estamos a trabalhar em modificações no Kadjar para o ajustar as especificidades da Classe 1 e fazer com que, por essa via, seja mais aceitável para os clientes. Não faz sentido vendermos hoje um crossover do segmento C sujeito ao pagamento de classe 2 nas portagens, dado que isso implicaria um custo de utilização em autoestrada maior que os dos modelos concorrentes.
Posso confirmar que teremos um Kadjar adaptado ao mercado português, mas só depois de 2016.