A DS não será uma marca premium fria e de tecnologia
Fazer da nova marca DS um sucesso é uma das principais tarefas de Gisela Batalha, diretora de marketing da Citroen e DS, em Portugal. O Grupo PSA Peugeot Citroen fez renascer a sigla DS, que identificava a berlina de luxo que a Citroen vendeu nos anos 50 e 60 (o saudoso Boca de Sapo), para baptizar uma nova gama premium de modelos Citroen, há cinco anos atrás.
Em Abril do ano passado, a DS ganhou autonomia como marca própria, tornando-se independente da Citroen. O objetivo é construir uma alternativa francesa às marcas premium alemãs, alicerçada globalmente numa associação ao luxo francês e à excelência e requinte de França em áreas como a moda, os vinhos, a joalharia e a gastronomia.
Em Portugal, a missão de promover a nova marca e de explicar a sua personalidade é de Gisela Batalha.
O que distingue cada um das três marcas do Grupo PSA?
As três marcas têm territórios claramente definidos e dão uma mais-valia para o grupo PSA. Entre Citroen e DS há uma certa cumplicidade. A DS nasce da Citroen, de uma Citroen que foi capaz de criar modelos como o DS de 1955, que nós chamamos em Portugal de “Boca de Sapo”, e que continuou sempre a ser um Citroen, mas que é a génese desta nova marca.
A DS é uma marca que queremos afirmar como premium. Não uma marca premium fria e de tecnologia, mas uma marca premium que se distinga pelo seu design, pela diferença, para pessoas que querem fugir ao comum. Uma marca para pessoas que se querem diferenciar, sem serem pretensiosas, mas que não abdicam de determinados atributos, como o conforto, ou a qualidade dos acabamentos. E estes foram atributos que os modelos da marca DS sempre tiveram, mesmo quando ainda eram uma linha de modelos da Citroen: uma qualidade de materiais única, desde a pele dos estofos, aos relógios analógicos no DS5.
Não foi muito ousado autonomizar a marca
Ousado sim, mas faz parte das características do próprio grupo PSA, que sempre foi ousado>?
E não arrisca que a Citroen fique num ghetto generalista
Não, porque uma viatura mainstream, com determinados equipamentos e perfil pode perfeitamente ser vendida à mesma pessoa ou ao mesmo tipo de pessoa que um veículo premium. Se tiver determinados interesses posso ir para um determinado tipo de viatura, por exemplo um C4 Picasso topo de gama, ou para uma outra viatura de uma marca premium
A classificação atual dos segmentos do mercado automóvel tem de ser revista. Já não é apenas pela dimensão ou pela distância entre-eixos que os modelos se diferenciam. Hoje, é pela atitude do consumidor, pelas expectativas que ele tem, pela forma como vai usufruir e pelo que ele vai fazer com o seu automóvel. O consumidor hoje espera algum retorno do que compra, em ternos de prazer e gozo.
A DS tem sido apresentada como uma marca diferente. Não é uma grande ousadia?
Há bases para a DS ter alguma ousadia. Em cinco anos já temos mais de 600 mil clientes da linha DS (sobretudo chineses e europeus, para já). Temos esta base significativa de clientes. E toda a experiência que acumulámos na China, onde a DS se lançou como marca autónom, por questões legais de parcerias industriais, com parceiros diferentes da Citroen e Peugveot e com uma rede de distribuição própria.
De momento, temos apenas três modelos DS. O primeiro, o DS3, lançado em 2010 e o último em 2012. Cerca de 70% de proprietários DS são de conquista para o Grupo, ou seja, não eram clientes Citroen ou Peugeot.
Mas é natural que a gama da DS agora se alargue?
Claro que sim. Uma marca premium não pode viver apenas com três silhuetas. Os concept Divide e o DS9, que apresentámos nos Salões Automóveis, já prenunciam uma subida de gama. Assim como o SUV Outlook. São concepts que já reúnem as características da própria marca
Qual é a estratégia de comunicação da nova marca?
Neste momento, em Portugal, as pessoas nem se aperceberam exatamente que há uma nova marca no mercado. E isso é deliberado. Temos um plano de produto, que apresentado em Genebra, com o DS5 já com características DS. Quando este novo modelo chegar a Portugal a comunicação será mais esclarecedora.
O DNA das três marcas PSA
Em Abril, numa entrevista à Automotive News Europe, o CEOd a PSA deu a sua visão sobre cada uma das três marcas do Grupo. Veja o DNA de cada uma, segundo Carlos Tavares