L’Oréal: Transformar com beleza e propósito

Na L’Oréal, os princípios ambientais, sociais e de governança estão no centro das decisões estratégicas, orientando uma abordagem que alia inovação, responsabilidade e impacto real.

Executive Digest
Julho 28, 2025
11:27

Os critérios ESG estão a moldar o futuro das grandes empresas, com a L’Oréal a destacar-se através de metas ambientais e sociais ambiciosas, alinhadas com os padrões internacionais mais exigentes. Através de medidas como o programa “L’Oréal for the Future”, a marca integra práticas sustentáveis em toda a cadeia de valor, desde a inovação em embalagens até ao apoio a comunidades vulneráveis. Ana Sofia Amaral, Scientific & Regulatory Affairs Director e Sustainability Leader, partilha como a L’Oréal impulsiona iniciativas concretas a nível nacional, como o projecto “Reciclar em Beleza”, e os progressos rumo a um futuro mais sustentável.

De que forma os critérios ESG estão integrados na estratégia global da L’Oréal e, em particular, na operação em Portugal?

A integração dos critérios ESG na estratégia global da L’Oréal é realizada através do programa “L’Oréal for the Future”, cuja revisão mais recente foi apresentada aos accionistas na última Assembleia Geral do grupo. Este programa estabelece metas ambiciosas para 2030, com objectivos como a redução em 50% de plástico virgem utilizado nas embalagens dos nossos produtos, alcançar 100% de energia renovável nos seus locais operacionais ou utilizar 100% de água reciclada ou reutilizada para fins industriais nas nossas fábricas. Além disso, a L’Oréal compromete-se a apoiar 100 mil pessoas de comunidades desfavorecidas no acesso ao emprego e a investir 150 milhões de euros em iniciativas ambientais e sociais.

Com uma visão ESG desenvolvida ao longo de mais de duas décadas, os compromissos da L’Oréal estão hoje integrados no quotidiano do negócio, através de políticas operacionais e KPI’s que orientam vários departamentos. Um exemplo disso é o uso crescente de formatos de recarga nos produtos, que reduzem a pegada carbónica e o consumo de recursos, e cuja implementação é um objectivo concreto das equipas locais.

Quais são as principais iniciativas da L’Oréal para reduzir a pegada carbónica?

A L’Oréal realiza um trabalho interno sistemático de análise e medição da sua actividade em termos de pegada carbónica, envolvendo as áreas de investigação e desenvolvimento, equipas operacionais e parcerias externas. As iniciativas abrangem toda a cadeia de valor e incluem a meta de utilizar 100% de energia renovável nos nossos locais de operações, reduzir o uso de materiais virgens nas embalagens e aplicar eco-design em produtos e materiais promocionais.

Que metas ambientais específicas a L’Oréal estabeleceu para os próximos cinco anos, e como se alinham com padrões internacionais, como o Acordo de Paris?

Em 2020, a L’Oréal definiu metas para 2030 com base na metodologia Science-Based Targets (SBT), que incentiva as empresas a comprometerem- se com uma transição voluntária para uma economia de baixo carbono e a estabelecerem metas alinhadas com o que a ciência climática mais recente considera necessário para seguir a trajectória de 1,5°C (do Acordo de Paris). Estas metas também se estendem à água, biodiversidade e recursos naturais, baseando-se em evidência científica. Essa metodologia foi desenvolvida para estabelecer padrões internacionais comuns para questões relacionadas com o clima.

A meio do percurso, a empresa avaliou os progressos, ajustou planos de acção e reforçou o seu compromisso em áreas como a redução do plástico virgem, a regeneração da natureza ou a resiliência hídrica.

Como integram materiais sustentáveis e práticas de economia circular, como embalagens recicláveis ou reutilizáveis, na vossa cadeia de valor?

A L’Oréal tem apostado no eco-design e na incorporação de materiais reciclados, como o plástico reciclado nas embalagens da marca Elvive. Estamos em constante procura de soluções que tornem os nossos produtos mais facilmente recicláveis. A empresa também promove a educação dos consumidores, por exemplo, através do site “Reciclar em Beleza”, criado em parceria com a Sociedade Ponto Verde. Investimentos em inovação incluem o Fundo de Inovação Circular (2022) e o lançamento de um Acelerador de Inovação Sustentável com 100 milhões de euros em 2025. O investimento neste tipo de iniciativas, bem como em inovação e novas tecnologias, surge de forma a conseguirmos identificar, testar e implementar soluções para responder aos desafios contínuos desta área.

Que papel desempenha a inovação no desenvolvimento de produtos e processos sustentáveis? Pode partilhar exemplos de tecnologias ou parcerias que ilustrem esse compromisso?

A inovação é essencial para a L’Oréal, com destaque para o uso das ciências verdes como a biotecnologia, integrando inovação científica e sustentabilidade para desenvolver produtos de beleza mais naturais e eficazes.

A nível de parcerias, a L’Oréal também tem mantido o foco na inovação e sustentabilidade, com exemplos como a colaboração com a Carbios, onde foi assinado um acordo para criar um consórcio de cinco anos com o objectivo de industrializar a tecnologia de bioreciclagem de plásticos desenvolvida por eles.

A L’Oréal envolve os seus colaboradores nas iniciativas ESG? Que programas ou incentivos foram implementados para promover uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade social?

Cada mercado conta com um Sustainability Leader que dinamiza a organização ao nível dos objectivos de sustentabilidade. Além disso, a maioria dos compromissos ESG já está reflectida em políticas e objectivos operacionais claros na L’Oréal. Paralelamente a L’Oréal promove acções de voluntariado internamente, formação, boas práticas e dinâmicas e projectos de RSC.

De que forma asseguram práticas éticas na vossa cadeia de fornecimento global? Existem mecanismos, como auditorias ou certificações, para garantir condições de trabalho justas?

A L’Oréal realiza auditorias externas há vários anos para garantir práticas éticas na cadeia de fornecimento, conforme descrito no Universal Registration Document (URD) de 2024.

Têm programas em vigor para apoiar comunidades locais? Como é medido o impacto dessas iniciativas?

Sim, a L’Oréal tem em vigor vários programas com impacto directo nas comunidades locais, como o L’Oréal Fund for Women. Este fundo solidário, lançado em 2020 com um orçamento inicial de 50 milhões de euros, apoia organizações que promovem a integração social e profissional de mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo refugiadas e vítimas de violência. O impacto é medido através do número de organizações apoiadas e de beneficiárias directas: até 2023, mais de 530 organizações foram apoiadas, beneficiando directamente mais de 4,8 milhões de mulheres e meninas; o fundo foi renovado até 2026 com um orçamento adicional de 30 milhões de euros.

Pode destacar um caso de sucesso de uma iniciativa social ou ambiental da L’Oréal com impacto positivo nas comunidades ou nos consumidores?

Um caso de sucesso da L’Oréal com impacto positivo nas comunidades é o reforço do apoio, através do L’Oréal Fund for Women, a cinco associações portuguesas: Banco do Bebé, CooLabora, Mulher do Século XXI, Girl Move Academy e APAV. Este fundo, de 50 milhões de euros a nível global, permitiu apoiar cerca de 2 mil mulheres em Portugal e Moçambique, entre 2022 e 2024, em áreas como violência de género, saúde materna e capacitação para a liderança.

Em paralelo, podemos também destacar o projecto Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, atribuídas em parceria com a FCT e a UNESCO, que são outro exemplo notável. O programa apoia cientistas em fase de pós-doutoramento, com bolsas de investigação no valor de 15 mil euros, promovendo a igualdade de género na investigação científica e o avanço do conhecimento nas áreas da saúde e ambiente.

Como garantem a transparência nos vossos relatórios ESG? Que mecanismos utilizam para comunicar progressos de forma credível e evitar percepções de greenwashing?

Os relatórios ESG da L’Oréal são auditados, tal como os relatórios financeiros. Para além disso, na L’Oréal promovemos a formação interna sobre boas práticas de comunicação em sustentabilidade, com regras claras de validação.

De que forma a L’Oréal se está a adaptar às novas exigências regulatórias europeias, como a Directiva CSRD? Que mudanças internas estão a ser implementadas?

Como empresa cotada, a L’Oréal adopta os padrões de reporte mais exigentes, ajustando anualmente o seu Universal Registration Document às novas exigências regulatórias e boas práticas de mercado. Este é um documento que inclui os dados de sustentabilidade, governança e auditoria, podendo ser usado para ofertas públicas ou admissão em mercado.

Como é que as iniciativas ESG da L’Oréal têm influenciado a percepção da marca junto dos consumidores e a sua competitividade?

A L’Oréal acredita que é reconhecida como líder em ESG pelos consumidores, o que é reforçado por distinções internacionais. A L’Oréal foi reconhecida pelo nono ano consecutivo com a classificação máxima de triplo ‘A’ pelo CDP em 2025, destacando-se como a única empresa a alcançar essa distinção em todas as três categorias ambientais: mudanças climáticas, protecção florestal e segurança hídrica.

Este reconhecimento reflecte o compromisso contínuo da L’Oréal com a transparência e liderança ambiental, alinhando-se às metas ambiciosas de sustentabilidade estabelecidas para 2030.

Que tendências emergentes consideram mais determinantes para o futuro do ESG no sector da cosmética?

Uma das tendências emergentes mais determinantes para o futuro do ESG no sector da cosmética é o forte investimento em inovação e tecnologia, nomeadamente em áreas como a embalagem sustentável, a optimização dos sistemas de produção e o desenvolvimento de ingredientes renováveis e de origem natural. Paralelamente, ao nível dos produtos, a L’Oréal procura alinhar-se com estas tendências através da integração de tecnologias que reduzem o impacto ambiental. Exemplos disso são o Water Saver, uma tecnologia que reduz significativamente o consumo de água em salões de cabeleireiro, e o AirLight Pro, um secador de cabelo ecoeficiente desenvolvido em parceria com a Zuvi, que consome menos energia e preserva melhor a hidratação do cabelo.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “ESG”, publicado na edição de Junho (n.º 231) da Executive Digest.

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