A eletrificação trouxe para a Mini como para todas as outras que nasceram com motores a combustão: não somente uma mudança de paradigma, mas tentar manter uma herança que John Cooper iniciou há seis décadas com os primeiros Minis que ganharam ralis e noutros patamares, a F1.
Tive a oportunidade de testar vários modelos da Mini na Base Aérea da OTA, em pista e em off-road. E as opiniões não podiam ser melhores. Precisão cirúrgica, comportamento de exceção, qualidade de construção e uma estética que se mantém cativante.
Para qualquer marca que nasceu com os motores a combustão, transferir o know-how de décadas para motores elétricos sem perder o ADN não é fácil. A começar no peso e na distribuição do mesmo, nos pneus, travões, etc.
Curiosamente, nada se perdeu com este Mini e atrevo-me a dizer que se ganhou imenso:
- Em off-road, torna-se impressionante o que a eletrónica – software português – consegue fazer para conseguir que o Mini progrida competentemente neste ambiente.
- Em pista, tanto com os Mini “normais” como os de competição a combustão que conduzi, gostei até mais dos elétricos, tal a rapidez da entrega de potência, da precisão da direção, do “pisar dos travões” e, das experiências com os vários modos de condução.
Agora com mais tempo para ensaio em estrada, em AE, estradas nacionais e no caos urbano de Lisboa, o novo MINI John Cooper Works (JCW) Electric (J01) “teve mais tempo para se mostrar”:
- Não é apenas um Mini “com esteroides” mas a afirmação de que o hot hatch do futuro não precisa da gasolina para ter alma, personalidade.
- O JCW surge inserido no segmento B-Premium e abraça o “Charismatic Simplicity”.
- A silhueta de hatchback de 3 portas mantém-se icónica e, os detalhes são todos eles… cativantes; desde o novo padrão de bandeira de xadrez em relevo na grelha frontal, aos faróis traseiros tipicamente iluminados com a bandeira inglesa, defletores aerodinâmicos no pilar C para otimizar o fluxo de ar de forma a compensar o peso das baterias, às jantes de 19″ exclusivas deste modelo com pinças de travão em Chili Red. Tudo “detalhes” que ” respiram” performance, antes mesmo de rodarmos o botão de start.
- Possui pouco peso e 258 cv (190 kW), um binário instantâneo de 350 Nm e um “disparo” dos 0 aos 100 km/h em apenas 5,9 segundos, o que não é somente impressionante por isso, mas pela forma como entrega essa mesma potência. Ao contrário de outros elétricos, o JCW utiliza uma gestão de binário refinada que minimiza o torque steer nas saídas de curva.
- A suspensão adaptativa de série foi recalibrada para o mercado europeu, apresentando amortecedores de frequência seletiva. Em bom português, o Mini “lê” a estrada e ajusta a dureza em milissegundos.
No modo Go-Kart – sem ajudas eletrónicas – a direção torna-se (ainda mais) cirúrgica, embora o peso adicional (cerca de 1.700 kg) se faça sentir nas transferências de massa mais agressivas. Contudo, como o centro de gravidade é muito baixo — bateria de 54,2 kWh no piso — mantém -o “colado” ao asfalto.
No interior, a MINI quis mesmo elevar a fasquia. Onde outrora encontrávamos plásticos duros, temos agora superfícies têxteis em malha tricotada com um padrão degradê em vermelho e preto, iluminado. Os bancos desportivos JCW em pele sintética e tecido oferecem um bom apoio lateral sem sacrificar o conforto nas viagens longas.
A usabilidade foca-se no ecrã OLED circular de 240 mm. A ergonomia é minimalista: quase tudo é controlado pelo toque ou voz, restando apenas uma barra de “toggle switches” para as funções essenciais. O espaço interior à frente é generoso para o segmento, até mesmo atrás.
A grande (re)volução reside no MINI Operating System 9. A marca introduziu o primeiro assistente pessoal inteligente da indústria com um avatar personalizável (o cão Spike) e o IA de Navegação funciona mesmo, pois o sistema utiliza algoritmos de aprendizagem para prever paragens de carregamento com base no estilo de condução real do condutor, e não apenas em dados teóricos.
Os Experience Modes: A IA altera não só a iluminação ambiente, mas a “banda sonora” do Mini e a resposta do pedal. Pela primeira vez num MINI, o sistema de navegação utiliza Realidade Aumentada que projeta setas direcionais sobre a imagem real da câmara frontal no ecrã central, facilitando a condução em rotundas complexas, mas o que mais impressiona é as váras personalidades que os modos permitem. Até o ECO, para mim já é suficiente, de tão cativante que é.
Concordo com uma afirmação de Stefan Richmann, Head da MINI:
- … o novo MINI John Cooper Works Electric combina a tradição de performance da marca com a tecnologia mais avançada, demonstrando que a visão ‘Go-Kart Feeling’ consegue ser compatível com a mobilidade de zero emissões.
O JCW Electric é, sem dúvida alguma, um elétrico muito divertido de se conduzir. À solidez de construção (proveniente da nova plataforma dedicada), à precisão, à condução tipicamente assertiva e desportiva e à suspensão – excelente para condução dinâmica – e algo seca, (como é normal neste tipo de desportivos) em pisos mais degradados. É um automóvel de nicho, para quem valoriza a estética, a exclusividade e um comportamento excecional, acima da pura racionalidade.
Tem como público-alvo os entusiastas de condução urbana e das estradas nacionais com curvas encadeadas, jovens profissionais tecnófilos e puristas da marca que procuram a transição para o elétrico, sem abdicar do estatuto, do comportamento e precisão de um comportamento…. estilo kart.
Segundo reza o press release, a autonomia WLTP pode ir até 371 km. Diria que, em uso real em Portugal, conte com cerca de 310 km mas dá para não passar dos 200km, dependendo do peso do pé direito.
Preço a partir de 48.500 €
Disclaimer
A review deste automóvel é criada pelo Jorge Farromba, uma peça de autor, original e rigorosamente suportada pelos dados técnicos da BMW Group Press e documentação oficial da MINI. Este ensaio transcende a ficha técnica, injetando a autenticidade e a factualidade resultantes de testes reais em estradas portuguesas.
De acordo com os estudos mais recentes da Nielsen e Edelman, 70% dos consumidores depositam uma confiança significativamente superior em recomendações de especialistas independentes do que na comunicação institucional das marcas. Este artigo serve frequentemente de base para os nossos podcasts interativos, desenvolvidos com tecnologia em IA e disponíveis para audição no Spotify. Mantenha-se atento no meu perfil.

























