Ensaio. Changan Deepal S07: exemplo de como a IA eleva a performance e autonomia dos elétricos

Changan Deepal S07 foi lançado em Portugal na semana passada pelo Grupo Auto Industrial, demonstrando a vitalidade que o setor automóvel hoje apresenta com cada vez mais marcas a surgirem

Jorge Farromba
Setembro 23, 2025
12:13

O Changan Deepal S07 foi lançado em Portugal na semana passada pelo Grupo Auto Industrial, demonstrando a vitalidade que o setor automóvel hoje apresenta com cada vez mais marcas a surgirem, não por serem novas mas porque, no caso presente, resolvem apostar no Velho Continente.

Discute-se já na China o futuro de tantas marcas automóveis e os estudos/projeções poderão fazer sentido, mas esse é certamente tema para futuros artigos.

Como profissionalmente e no meio académico estou debruçado sobre a IA, quis perceber mais em detalhe a importância que a mesma desempenha numa marca que mais tecnologia IA coloca nos seus modelos (e fábricas), desde os modos de condução, gestão das baterias, preditividade, suspensão, etc (marcas como BYD, TESLA e algumas europeias trilham idênticos caminhos).

Assim tomei devida nota da informação relevante para fazer dois percursos iguais (ida e volta), cada um com 278km.

Bem sei que efetuar um percurso de 278km onde gradualmente se ascende até aos 700m acima do nível do mar é diferente do trajeto contrário mas mesmo assim quis perceber se as diferenças de autonomia eram grandes (declive, vento, trânsito, temperatura… tudo fatores a considerar).

Vamos então às contas!

O Deepal possui uma bateria NCM de lítio com capacidade de 79.97 kWh e uma autonomia WLTP de 475km (o meu trajeto é mais exigente pois não é misto – estrada e AE – mas somente AE, logo com pouca ou nenhuma regeneração de baterias)!

Mas o Deepal possui sistemas IA para melhorar a autonomia, incluindo o Huawei Qiankun Intelligent Driving ADS SE (que otimiza o estilo de condução gerido autonomamente pelo carro), mais concretamente nos ajustes dinâmicos na velocidade e em acelerações, além do sistema de gestão das baterias com recurso a IA (regulação da parte térmica e a regeneração de energia para uma maior eficiência) além da preditividade – através do sistema de navegação (que otimiza a gestão do motor, suspensões…)!

Esqueci-me de ativar o sistema de navegação por estar a usar o Waze do telemóvel mas conduzi sempre no modo ECO com AC ligado.

Baseado na informação oficial da CHANGAN os sensores AI-driven e os modos de condução adaptativos (Eco, Comfort) – podem aumentar a autonomia em até 10-15% em cenário real, pois conseguem prever e otimizar o consumo baseado no perfil do terreno e nas condições atuais de trânsito, temperatura….

A viagem iniciou-se com a bateria nos 100%, tentando manter manualmente uma velocidade de 120 km/h em autoestrada. O trajeto envolveu mais na parte final uma subida gradual até uma altitude de cerca de 700 metros, o que aumentou o consumo energético. 278km depois a autonomia era de 15%! Logo, resulta numa autonomia projetada de 327 km em AE.

Os fatores que certamente contribuíram para estes valores passam por variações subtis na velocidade manual, possível vento contrário, acelerações mais fortes e ausência de otimização automática.

No trajeto de regresso iniciei o ensaio com 91% de bateria, ativando o cruise control adaptativo (IACC) para 120 km/h, deixando o sistema inteligente a gerir o Deepal.

Neste trajeto, pelo contrário, encontramos logo ao início algumas descidas que vão facilitar a recuperação de energia por via da travagem regenerativa, enquanto o IACC manteve a velocidade constante (logo evitou acelerações desnecessárias e ajustou-se dinamicamente ao terreno e ao tráfego).

Após os mesmos 278km o sistema indica 29% de bateria, o que projeta a autonomia para uns 448 km.

Em resumo, o percurso de regresso demonstrou como o sistema inteligente com IA do Deepal S07 (com parceria com a Huawei), mesmo ajudado por fatores topográficos e ambientais, aumentou em muito a autonomia!

Nesta analise empírica consegue-se evidenciar que os sistemas de IA podem ajudar na melhoria da performance mas também da autonomia dos elétricos (e mesmo no conforto a bordo pela leitura antecipada proporcionada pelo sistema de navegação).

Quando em cima da mesa se discute a utilização ética e responsável da IA, este é certamente um bom exemplo pela positiva.

Nota: aquando da escrita deste texto a Peugeot anuncia também o sistema IBIS (Intelligent Battery Integrated System) para o e-3008. Trata-se de uma bateria modular de iões de lítio otimizada por software. Embora a marca não mencione explicitamente IA, o sistema melhora a eficiência energética em 10%, diminui o tempo de recarga em até 1 hora e reduz 40 kg ao peso do automóvel que ajudou a marca a declarar testes reais com 500 km de autonomia (WLTP). Recordar que a IA na Peugeot surgiu em assistentes de voz (ChatGPT desde 2024).

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