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SEAT: Sustentabilidade partilhada
A empresa está a caminhar para soluções cada vez mais ecológicas, com uma aposta inequívoca na mobilidade eléctrica. Teresa Lameiras, directora de Marketing & Comunicação da SEAT, explica quais os principais desafios no âmbito da redução da pegada ambiental.
A SEAT estabeleceu há muito o objectivo de ter um papel activo na mudança de paradigma energético. Por onde passa o caminho da transição energética?
O caminho da transição energética na SEAT passa por minimizar o impacto ambiental da actividade diária, dos produtos e das soluções de mobilidade para proteger o planeta contra as alterações climáticas e o aquecimento global. A SEAT está empenhada no Acordo de Paris sobre o clima. O objectivo é tornarmo-nos uma empresa neutra em termos de CO2 até 2050. Por isso, activámos um plano global de descarbonização para medir e reduzir as emissões de CO2 ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Envolvemos fornecedores e parceiros para alcançar uma ambição de sustentabilidade partilhada.
Quais os grandes desafios e oportunidades?
O grande desafio é a necessidade de assegurar um meio ambiente saudável. Hoje estamos a caminhar para soluções cada vez mais ecológicas, com uma aposta inequívoca na mobilidade eléctrica. Este é o preço a pagar para quem não quiser perder a corrida da competitividade e da inovação. Não admira, que os veículos eléctricos e híbridos plug-in estejam a conquistar terreno nas estradas portuguesas, junto de particulares e clientes empresariais, vencendo as reservas iniciais ao nível das limitações de autonomia e de infra-estruturas de suporte.
Em Portugal tem havido uma procura para carros a gasolina e híbridos que combinam electricidade com gasolina. Por outro lado, a venda de veículos eléctricos tem vindo a registar uma forte subida. Numa altura em que a sustentabilidade se tornou a base da estratégia do sector automóvel, cresce a importância de se encontrarem novas soluções de mobilidade. O investimento da empresa previsto de 5 mil milhões de euros até 2025 será alocado a projectos de I&D para desenvolver novos modelos e a equipamentos e instalações em Martorell, com o objectivo de assumir novos projectos, em particular para electrificar a gama.
Para além do lançamento de novos modelos eléctricos e híbridos plug-in, a SEAT vai desenvolver uma nova plataforma em colaboração com a Volkswagen. Esta deverá ser uma versão mais pequena da plataforma do Grupo Volkswagen destinada a modelos eléctricos, a MEB, e tem chegada prevista para 2023. A nova plataforma deverá ter cerca de quatro metros de comprimento, vai ser usada por várias marcas e tem como principal objectivo permitir desenvolver veículos eléctricos acessíveis com um preço de entrada abaixo dos 20 mil euros. A SEAT é líder na estratégia de micromobilidade urbana dentro do Grupo Volkswagen.
Como é que trabalham para reduzir activamente a pegada ambiental?
A SEAT lançou um plano de sustentabilidade em 2010 para melhorar a sua pegada ambiental, actuando sobre cinco indicadores de produção (consumo de energia e água, produção de CO2, resíduos e compostos orgânicos voláteis).
Reduzimos a nossa pegada ambiental de produção em 43% desde 2010. Temos cinco indicadores: consumo de energia -26%; consumo de água -32%; emissões de CO2 e compostos orgânicos voláteis -65% e -23% respectivamente; menos resíduos -58% (melhoria entre 2010 e 2019).
O objectivo da SEAT em 2025 é alcançar uma melhoria geral de 50% nos indicadores ambientais como passo intermédio para uma produção com impacto ambiental zero até 2050. Ao mesmo tempo, a fim de cumprir os objectivos e reduzir o CO2 da nossa frota, estamos a impulsionar a electrificação da gama (SEAT e CUPRA) e a melhorar a tecnologia dos automóveis com motor de combustão. A grande mudança para a electrificação está de facto a acontecer neste momento, entre a SEAT e a CUPRA.
E quais os objectivos para 2022? Em que assenta o vosso compromisso?
A Península Ibérica é a chave para alcançar uma mobilidade neutra do ponto de vista climático na Europa até 2050. A SEAT está pronta para transformar a indústria automóvel espanhola e dar um contributo significativo para a descarbonização do Sudoeste da Europa.
Assim, apresentámos um plano ambicioso, denominado Future: Fast Forward, com o objectivo de liderar a electrificação da indústria automóvel em Espanha, através da produção de veículos eléctricos urbanos no país a partir de 2025.
O automóvel eléctrico urbano será um grande projecto em termos de volume potencial. É um marco importante no caminho para a sustentabilidade e na luta contra as alterações climáticas e poderá tornar-se a força motriz por detrás da transformação da indústria automóvel espanhola. Este segmento, de cerca de 20-25.000 euros, é essencial para tornar a electromobilidade acessível ao público em geral e para alcançar os objectivos do Green Deal.
Quais são as vossas metas, que em conjunto definem um caminho consistente com os objectivos do Acordo de Paris?
Estamos comprometidos com os objectivos ambientais estabelecidos no Acordo de Paris. Desde 2010, a empresa reduziu a sua pegada ambiental de produção em 43% e visa atingir uma pegada de carbono zero em 2050.
Para o conseguir, lançámos a missão ambiental Move to ZERØ, que inclui um ambicioso programa de descarbonização para reduzir as emissões de CO2 em todo o ciclo de vida dos produtos, serviços e soluções de mobilidade, desde a concepção, aprovisionamento de matérias-primas, produção e até ao fim de vida útil. Iniciativas como #Project1Hour aumentam o compromisso da empresa em proteger o planeta das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Queremos minimizar o impacto ambiental da nossa actividade diária, dos nossos produtos e das nossas soluções de mobilidade para proteger o planeta contra as alterações climáticas e o aquecimento global.
Podem revelar o valor do vosso investimento em iniciativas ambientais? E em que consistiram essas iniciativas?
No âmbito da nossa estratégia de sustentabilidade, a SEAT destinou 27 milhões de euros a investimentos em iniciativas sustentáveis em 2019 , e também levou a cabo várias acções que contribuem para a manutenção da biodiversidade no meio onde se insere.
Na fábrica da SEAT em Martorell – Smart City, foram colocados 53 mil painéis solares nos telhados das oficinas e nos parques da fábrica, o que gera uma poupança de energia e sustentabilidade, de 17,3 milhões de kWh por ano.
Foi criada a sua própria linha de comboio: duas linhas de comboio – 40 quilómetros que ligam a fábrica de Martorell à infra-estrutura portuária de forma exclusiva, que reduz as viagens de camiões, em cerca de 25 mil viagens por ano e que impedem a emissão de mil toneladas de CO2 por ano.
A SEAT também contribui para a inovação do hub tecnológico – o Centro Técnico e o seu Centro de Design – o primeiro investidor industrial em Espanha em I&D.
Também se lançou projectos para preservar a biodiversidade, como a reflorestação e instalação de caixas-ninho para protecção de aves no Delta do Llobregat e participou na criação do jardim botânico no Parque Can Casas, em Martorell, onde os funcionários da SEAT plantaram 80 árvores de diferentes espécies autóctones e prepararam um espaço para a protecção da rã Hyla Meridionalis.
Através da sua nova marca SEAT MÓ, a SEAT mantém o seu firme empenho no desenvolvimento de produtos e soluções de micromobilidade adaptados às necessidades do público, tais como a o serviço de motosharing em Barcelona e as scooters eléctricas SEAT MÓ que chegarão a Portugal até ao final do ano.
Em 2010 foi lançada a Ecomotive Factory, um plano que visa minimizar o impacto ambiental da Fábrica SEAT em Martorell. Qual o balanço após mais de uma década?
O balanço é muito positivo e passado uma década, a SEAT reduziu a sua pegada ambiental de produção em 43%. Este projecto faz parte da iniciativa Ecomotive Factory e visa melhorar a qualidade do ar e reduzir a poluição em 40%. O potencial para reduzir o óxido de nitrogénio (NOx) é muito alto, já que apenas com a primeira fase do projecto no Centro Técnico poderiam ser reduzidas 0,8 toneladas de óxido de nitrogénio por ano. Se fosse implementado na restante fábrica, o potencial seria de 5,2 toneladas por ano.
Em que consiste a missão empresarial global Move to Zero?
A empresa lançou a missão corporativa global Move to ZERØ, que envolve um projecto global de descarbonização de todos os produtos e soluções de mobilidade durante o seu ciclo de vida – desde o design, a obtenção das matérias-primas e a produção até ao final da sua vida útil. Também tem por objectivo melhorar a qualidade do ar através da electrificação da gama e da gestão eficiente dos resíduos.
Na vossa opinião, quais os grandes desafios para as empresas do sector automóvel sobre o uso da energia?
O grande desafio passa pela sustentabilidade poder ser o principal motivo para conduzir um automóvel 100% eléctrico – benefícios para o planeta – conduzir um eléctrico nas cidades: uma grande economia de tempo e dinheiro.
São cada vez mais os países da Europa e de outras regiões do mundo que propõem acabar com a venda de novos veículos com motores a gasóleo e gasolina nos seus mercados já no período de 2030-2035.
Estamos convencidos de que a electrificação é a única forma de atingir o objectivo desafiante, de nos tornarmos uma empresa neutra em termos de CO2 até 2050.
Mas, ao mesmo tempo, é essencial assegurar uma mudança rápida para a e-mobilidade. A aquisição e utilização de um veículo eléctrico deve ser convincente e sem esforço para os clientes.
Acreditamos que a electromobilidade será bem-sucedida. Naturalmente, quanto mais atractivas forem as condições para a electromobilidade estabelecidas, mais cedo e em maior número as pessoas farão a escolha de um carro eléctrico para as suas necessidades individuais de mobilidade. Nós, por outro lado, confiamos nas escolhas individuais responsáveis dos nossos clientes.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Redução da Pegada Ambiental”, publicado na edição de Outubro (n.º 187) da Executive Digest.