GLS: «Operamos com um modelo bastante distinto da nossa concorrência»

A GLS oferece soluções diferentes aos seus clientes e destinatários num modelo baseado na proximidade e conhecimento local.

O Grupo GLS é um dos maiores fornecedores de serviços de distribuição de encomendas da Europa, com forte presença na maioria dos países do continente. Opera também através de filiais detidas a 100% no Canadá e na Costa Oeste dos EUA. Em entrevista à Executive Digest, David Barrero Molino Managing Director da GLS Portugal, explica os grandes desafios e oportunidades da empresa no sector da Logística e Transportes.

O sector da Logística e Transportes enfrenta constantemente novos desafios. Na vossa opinião, quais são esses grandes desafios?
Nos últimos anos os desafios no sector da logística têm sido cada mais imprevisíveis e em maior escala. Estes desafios têm-se tornado mais exigentes e requerem um planeamento estratégico, bem estruturado, que seja capaz de dar uma resposta célere e eficaz e que não comprometa a qualidade do serviço e os tempos de entrega.
Após a pandemia, que nos “obrigou” a acelerar o desenvolvimento tecnológico do sector, emergiu a guerra entre a Rússia e a Ucrânia que trouxe consigo o aumento dos combustíveis e consequentemente o aumento do preço das mercadorias. Consolidaram-se, assim, tempos de crise e de retrocesso na economia portuguesa e europeia o que acaba por afectar quase todos os sectores de atividade, incluindo o nosso.
Por outro lado, verifica-se uma grande mudança do modelo de retalho, não apenas do comércio electrónico europeu, mas principalmente do comércio que vai directamente da Ásia para o consumidor final. Isto significa que a eficiência do sector de transportes deve ser extremamente elevada para que os produtos transportados possam suportar o envio.
A automatização das operações e dos processos logísticos é uma parte essencial dessa eficiência. Actualmente, as empresas que não têm capacidade financeira para investir em maquinaria e tecnologia de ponta não conseguirão manter-se competitivas, pelo que é provável que nos próximos anos assistamos a uma redução das marcas e a uma concentração do mercado em grandes empresas.

A GLS, como importante player, também tem trabalhado para encontrar soluções para esses desafios. Que soluções gostariam de destacar?
Na GLS investimos continuamente em várias melhorias técnicas e tecnológicas no nosso sector de actividade para podermos acompanhar o crescimento que temos vindo a registar nos últimos anos, a par do crescimento do e-commerce. Para tal investimos em maquinaria tecnologicamente avançada para as operações de circulação de mercadorias, estando previstos brevemente dois grandes investimentos para os nossos Hubs de Lisboa e Porto. Apostamos também em tecnologia que permite auxiliar os nossos distribuidores na última milha, nomeadamente, BigData e IA. Um exemplo claro disto é a automatização das rotas de entrega, que, para além de optimizar o trabalho dos distribuidores e reduzir a pegada de carbono, permite-nos manter o contacto directo entre o distribuidor que faz a entrega e os destinatários através da nossa aplicação gratuita MyGLS e do seu Live Tracking.

Quais os benefícios das vossas soluções para os clientes?
A GLS tem pautado a sua existência pelo melhoramento constante da qualidade do serviço que presta aos seus clientes. Quer pela rapidez da entrega, quer pela facilidade nos envios e levantamentos em agências ou em Parcel Shop. Este é sem dúvida o nosso factor diferenciador, a nossa Unique Selling Preposition, o que nos torna únicos e razão pela qual os nossos clientes são fiéis.
Temos também aumentado, todos os anos, a nossa gama de serviços, para que os nossos clientes possam optar pelo tipo de serviço que lhes for mais conveniente. Este é outro factor preponderante para a GLS Portugal: estarmos próximos dos nossos clientes e dos seus destinatários e permitir-lhes ao máximo uma personalização dos seus envios. Para tal oferecemos não só a possibilidade de acompanharem uma encomenda através do nosso website, como também através da app gratuita MY GLS, através da qual podem verificar o estado do envio, seguir a encomenda ao momento através do sistema de Live Tracking, bem como alterar a entrega da encomenda para outro dia ou derivá-la para uma das nossas cerca de 600 Parcel Shops.
A GLS conta, também, com uma rede europeia bem consolidada o que leva a que a garantia de um serviço de excelência não se cinge apenas a Portugal, mas a toda a Europa.

Como é que a vossa empresa se diferencia da concorrência?
O Grupo GLS é um dos maiores fornecedores de serviços de distribuição de encomendas da Europa, com forte presença na maioria dos países do continente. Opera também através de filiais detidas a 100% no Canadá e na Costa Oeste dos EUA. Fazemos, por isso, parte de um grupo bem sólido que garante um excelente serviço aos seus clientes não só em Portugal, como também em todos os países onde a GLS está presente.
Em Portugal, operamos com um modelo bastante distinto da nossa concorrência que nos permite ter um know-how unico nos diversos distritos e localidades do país. Contamos com cerca de 60 empresários locais próximos e conhecedores da sua área de influência o que nos permite oferecer a escalabilidade necessária a todos os nossos clientes.
A nível tecnológico disponibilizamos, igualmente, algumas ferramentas que nos distinguem, como é o caso do Live Tracking, onde o destinatário da encomenda é informado 10 paragens antes da entrega que o seu envio está a chegar.

A mobilidade individual é um pilar da sociedade moderna. Qual o vosso compromisso com a Sustentabilidade e, em particular, com o combate às alterações climáticas, pensando no futuro de todos?
Como empresa de encomendas sustentáveis, temos o compromisso de proteger e manter o meio ambiente para cuidar das gerações presentes e futuras.
Em 2008, lançámos a iniciativa ambiental ThinkGreen, agora renomeada Climate Protect, com o objectivo de coordenar e promover as diferentes actividades sustentáveis que realizamos. Entre os principais objectivos estão o caminho para um transporte sustentável com a redução das emissões derivadas da nossa actividade, a gestão responsável dos recursos de que dispomos e a otimização da gestão de resíduos.
Pensamos e agimos de forma responsável e respeitosa com o meio ambiente em todas as áreas da empresa: desde o planeamento do transporte até a abertura de hubs / depots ecofriendly. Estas são máximas de actuação que queremos seguir e alargar a todos os nossos serviços e procedimentos.
A prova disso é o reconhecimento que temos recebido internacionalmente. A GLS foi reconhecida como uma das empresas transportadoras de encomendas mais sustentável da Europa, tendo recebido a distinção de Ouro pela reconhecida plataforma EcoVadis. Classificado em anos anteriores com o nível de Prata, o Grupo GLS vê assim os resultados do trabalho árduo a nível ambiental e social de todos os países em que actua serem reconhecidos com a distinção de Ouro.
Apesar de ser um reconhecimento a nível internacional, a GLS Portugal orgulha-se do seu contributo para esta classificação, resultado de toda uma política nacional assente em critérios de sustentabilidade.

Qual a aposta da empresa no desenvolvimento de novos centros logísticos?
Inauguramos recentemente a plataforma logística na Mealhada, onde contamos com máquinas automatizadas para descarga e classificação de envios. Neste momento, o nosso principal objectivo é melhorar a automação e a tecnologia em todos os nossos centros e continuar a consolidar a nossa rede de agências Parcel Shop e pontos de conveniência em todo o país, incluindo as ilhas.

Consideram que de futuro, existirá, cada vez mais, cooperação entre retalhista e operador logístico, de forma que as expectativas do cliente ou e-buyer não sejam defraudadas? A parceria entre retalhista e operadores de entregas ou logísticos são o futuro?
No nosso ponto de vista esta interligação entre o retalhista e o operador logístico é já uma realidade hoje em dia. Sabemos que o cliente tem as expectativas cada vez mais elevadas e por isso trabalhamos muito próximo dos nossos clientes para que todo o processo seja um sucesso. Contamos com uma equipa comercial e de IT muito eficaz que garante que são feitas todas as ligações necessárias entre o e-commerce do cliente e a nossa plataforma de gestão de envios para que nada falhe.
Os especialistas esperam que nos próximos cinco anos, as vendas mundiais no comércio electrónico praticamente dupliquem de valor, por isso podemos afirmar que a parceria entre os retalhistas e os operadores logísticos são fulcrais para o processo. Acredito, inclusive, que muitas marcas optem por estar exclusivamente online, onde têm menos custos e podem focar-se no seu negócio de outra forma.

Qual a vossa estratégia de negócio para Portugal?
Em Portugal, estima-se que o mercado online cresça 30% até 2025, pelo que será necessário continuar a desenvolver ferramentas que nos permitam assumir este crescimento de forma sustentável e acessível a todos. É nesta premissa que traçámos o nosso plano estratégico para a GLS Portugal nos próximos anos.
Queremos manter-nos tecnologicamente avançados e a prestar o melhor serviço de entrega do país aos nossos clientes e aos seus destinatários, por isso, implementamos várias ferramentas internas e externas que nos permitem alcançar este objectivo, sem nunca esquecer a sustentabilidade da marca que é um ponto vital para toda a actividade da GLS.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Logística e Transportes”, publicado na edição de Setembro (n.º 210) da Executive Digest.

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