ISCTE Executive Education: Formas de fazer diferentes
Em entrevista à Executive Digest, José Crespo de Carvalho, presidente do ISCTE Executive Education, explica que é nestas alturas de crise que são os candidatos que querem mesmo preparação para a retoma da crise e para o pós-crise. «Há muito a fazer e há muito por onde evoluir», acrescenta o responsável.
Em termos de formação de executivos e formação pós-graduada o que apresenta o ISCTE Executive Education como característica central?
A característica central está assente no lado aplicacional. Conhecimento e experiências entregues com propósito aplicacional. É nisso que se baseia inclusive o nosso real-life learning. O real-life é feito para pessoas reais, empresas reais, casos reais. O carácter aplicacional é, assim, a chave. E faz parte do ADN do ISCTE desde a sua origem, em 1972. Esta escola tem uma particularidade: nasceu pela gestão e não, como habitualmente nas demais, pela economia. Se nasceu pelo lado da gestão é natural que tenha nascido pelo lado das empresas e do carácter aplicacional. Isso transmitiu-se, obviamente, à formação de executivos.
Como se encontra o balanço procura- oferta? Existe procura pelas empresas? Porquê?
Não está perfeito mas diria que dificilmente, em sentido lato, um potencial participante não encontre nas nossas soluções um produto completo para as suas necessidades. Quem diz um participante diz uma persona de uma empresa, um quadro de uma empresa que represente, em termos médios, as suas necessidades de formação.
Pelo lado das empresas há uma necessidade enorme de reter e de construir resultados. E para reter e construir resultados é preciso formar. Pelo lado dos candidatos individuais há uma necessidade enorme de formação para se qualificarem para o que aí vem, não será um mar de rosas e qualquer retoma, qualquer reconstrução requer preparação que se consegue com formação. Se a isto adicionarmos a grande dificuldade que é para um qualquer profissional fazer movimentos de transição ou de posicionamento perante novos desafios e oportunidades, internas ou de mercado, quando como é natural as empresas jogam à defesa, então é normal que se aposte no lado da preparação para quando vierem essas oportunidades.
Adicionalmente, a formação deixou de ser um custo cortável facilmente para passar a ser uma imprescindibilidade, empresarial ou individual. Quem não o faz perde os seus colaboradores (desde saídas a perdas às vezes piores que se traduzem por inércia a atavismo face a desafios e oportunidades) e perde resultados, para o lado das empresas. Quem não o faz em termos individuais vai perdendo oportunidades de requalificação e capacitação que se ganham em momentos destes para serem rentáveis e trazerem payback de forma rápida num futuro próximo.
Dito isto, todos os sectores e profissionais de todos os sectores nos procuram. E todas as empresas. De pequenas a grandes. Infelizmente, por vezes, a questão é que as empresas mais pequenas não têm massa crítica para fazer um programa customizado e co- -desenhado. Mas beneficiam de programas abertos onde podem debater com participantes de outras empresas, grandes ou pequenas, questões e problemáticas similares ou muito actuais.
Como se dá resposta em termos formativos e em formatos ao que é requerido aos participantes hoje?
Formatos impactantes. Formatos disruptivos. Formas de fazer diferentes que não se centram apenas em sala de aula. Há muita coisa para além da sala de aula. Há speed challenges, há theater performances, há pitchs orientados, há momentos de exposição do “eu”, há coaching e planos de desenvolvimento pessoal, há, enfim, real-life experiences.
O desfasamento entre a formação e o mundo empresarial ainda é umas das principais lacunas que se aponta ao ensino. Como asseguram que a vossa formação dá de facto resposta às necessidades do mercado?
Acho que essa história é apenas um clássico. De vez em quando vem à baila. Mas a realidade está bem longe do que deu origem a essa história. E eu estou longe de concordar com isso. Já foi assim. Hoje não é. Hoje é apenas um cliché. Há problemas de retenção? Vejam como as universidade retêm. Há problemas de gestão de millennials e baby boomers? Vejam como os professores fazem nas suas salas de aula. Gerem e gerem muito. Agenda digital? É visitar uma universidade hoje. E podia dar aqui milhentos exemplos de como a academia evoluiu nos últimos 10 anos quase por 100.
A academia é hoje totalmente flexível, adaptável e customizável às necessidades das empresas. E os programas de pós-graduação, executive masters e no geral todos os programas têm sempre uma componente muitíssimo aplicada. Há muitas experiências. Há formatos novos. Há outras dinâmicas. Há uma série de novas e diferentes aproximações que permitem mimetizar os reais problemas das empresas e dos participantes enquanto interessados em evoluir e qualificar-se mais e melhor.
Quais os factores distintivos da vossa oferta?
Aplicabilidade. Exemplos e casos reais. Docentes com experiência empresarial sólida. Ligação ao tecido empresarial. Real-life learning: pessoas reais e empresas reais resumem bem a não sublimação do ser humano. Temos isto no ADN. Nascemos com as empresas. Estamos aqui com e para as empresas. Mas somos todos homens e mulheres reais. Não somos ficção.
Há alguma novidade no universo ISCTE Executive Education?
Há uma novidade sim. Seremos os organizadores, para o ISCTE, do primeiro Mestrado em Gestão Aplicada em Portugal com um ano. Concedendo grau. Preparando num ano. Em colaboração com empresas. Em pós-laboral para que os participantes possam acumular com o seu trabalho. E onde a tese é um trabalho para resolver problemas de empresas.
Consideramos que esta abertura, i.e., a possibilidade de poder qualificar em gestão profissionais com experiência profissional em qualquer área é uma proposta de enorme valor.
De resto, uma forma de o ISCTE enquanto instituição e como um todo poder vir a qualificar quadros empresariais que tenham formação noutras áreas para a área de gestão. E a par disso mesmo a possibilidade de conseguir que o façam enquanto trabalham, sem perderem rendimentos e sem terem que alterar sobremaneira a sua vida.
Acrescentaria a isto a possibilidade de o fazerem em inglês se o pretenderem.
O lançamento é já para Setembro?
Não, vamos apenas começar em Janeiro. Para Janeiro de 2021 será uma das nossas grandes apostas.
Mas essa realidade é só nacional?
Claro que não. Há vários mestrados de 60 ECTS por essa europa fora. Um ano. Muitos deles nem tese têm. Apenas componente lectiva. Penso que o mais importante é terem os fundamentos e a formação sólida. Não abdicarem dos princípios. E há-os em grandes universidades. E são mestrados na mesma.
Em Portugal temos sido muitíssimo conservadores em formatos e geometrias de mestrado.
Mas é claramente uma boa notícia para Portugal e para o ISCTE pois o nosso país forma bem. Se há coisa de que não se pode intimidar e não ficará atrás de ninguém é no ensino superior. E na formação profissional e pós-graduada a ele ligada. E por isso temos exportado com muito bons resultados. Mais haveria se os graus de liberdade fossem maiores e deixassem funcionar a nossa criatividade e capacidade de entrega.