Cada obra começa com um engenheiro

Opinião de Nuno Garcia, Diretor-Geral da GesConsult

André Manuel Mendes
Novembro 24, 2025
9:00

Por Nuno Garcia, Diretor-Geral da GesConsult

No Dia Nacional do Engenheiro, é fundamental recordar a importância que estes profissionais e as suas equipas têm na coordenação e execução de obras em Portugal. Engenheiros civis, gestores de projeto, coordenadores de obra e fiscais de construção planeiam, projetam e, acima de tudo, garantem que cada projeto, da pequena intervenção à infraestrutura mais complexa, é concretizado com qualidade, segurança e eficiência.

Sabemos que o setor da construção enfrenta há anos um desafio estrutural: a escassez de mão de obra qualificada. Dados recentes apontam para uma necessidade de cerca de 80 mil profissionais, entre carpinteiros, eletricistas, canalizadores e engenheiros. As últimas crises económicas têm deixado marcas profundas com milhares de empresas a desaparecerem, muitos trabalhadores a emigrarem e outros a reformarem-se. Hoje, cada obra sente o impacto desta lacuna, refletido em prazos mais longos, custos superiores e menor produtividade.

A escassez de profissionais não se limita à execução. A gestão diária das obras, a supervisão da qualidade, a coordenação entre diferentes intervenientes e a fiscalização exigem conhecimento técnico profundo. É aqui que o papel do engenheiro se torna ainda mais essencial. Um projeto bem-sucedido depende da capacidade de planear, antecipar problemas, gerir equipas e integrar métodos construtivos modernos e tradicionais. A qualidade do trabalho das equipas de obra, desde o primeiro alicerce até ao acabamento final, reflete a competência de quem supervisiona e coordena.

E não nos podemos esquecer que isto tem um impacto direto no país. Projetos estratégicos, como os financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou grandes obras públicas, dependem da competência destas equipas para serem concretizados. Atrasos ou falhas na execução podem comprometer investimentos que modernizam cidades, reabilitam habitação e reforçam a competitividade económica de Portugal.

Por isso, valorização é a palavra-chave. É preciso investir em formação contínua, oferecer condições de trabalho seguras e justas, e criar verdadeiras oportunidades de crescimento e especialização. E não ter medo de utilizar novas tecnologias que ajudem a aumentar a produtividade e a qualidade, nunca esquecendo o foco nas pessoas e o conhecimento prático que se constrói no terreno. A retenção de talento exige reconhecer o papel estratégico de cada profissional e criar um ambiente em que a experiência e a dedicação sejam recompensadas.

Neste Dia Nacional do Engenheiro, acredito que mais do que celebrar uma profissão, é essencial reconhecer que cada engenheiro e cada equipa de obra é uma parte fundamental do futuro de Portugal. São eles que transformam planos em realidade, garantindo que o país consiga cumprir projetos estruturantes, desde habitação a infraestruturas públicas, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento e modernização nacional.

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