Snus: uma alternativa ao tabaco?
Apesar de a União Europeia ter uma posição contra a sua comercialização, uma reportagem da Euractiv mostra a visão de alguns especialistas que defendem o snus como uma alternativa menos prejudicial à saúde, comparativamente aos cigarros.
Numa altura em que os efeitos nocivos do tabagismo estão a ser abordados pela comunidade internacional, o snus tem sido apontado como uma alternativa aos cigarros tradicionais. Trata-se de um produto de tabaco oral húmido com raízes, que remontam ao século XVIII. É considerado um dos primeiros produtos de tabaco, e foram necessários vários séculos para que outras soluções, como o tabaco aquecido, cigarros electrónicos ou bolsas de nicotina, surgissem no mercado como alternativas aos cigarros.
Enquadrada na legislação comunitária de controlo ao tabagismo,a comercialização do snus é proibida nos 27 estados-membros do organismo europeu desde 1992.
Numa reportagem levada a cabo pela Euractiv, plataforma de comunicação social que cobre assuntos relacionados com a União Europeia, foram ouvidos vários especialistas que apelaram aos legisladores europeus para que reconsiderasse a sua posição sobre o snus – que é amplamente utilizado em países como a Suíça e a Noruega e, a título excepcional, a Suécia – é o único membro da UE que beneficia de uma isenção ao abrigo do seu Tratado de Adesão. Não obstante, o governo sueco tem de assegurar que o produto não é vendido fora do seu território.
Popularidade na Suécia
A investigação da Euractiv faz, primeiro, um enquadramento histórico sobre este produto e refere que a primeira vez que o termo snus surgiu foi na Suécia, em 1637, quando um documento alfandegário demonstrou que foi trazido para o país através da Finlândia. O snus é, assim, usado na Suécia desde o século XVIII e a sua utilização era recorrente entre homens e mulheres da aristocracia. O snus tornou-se uma espécie de marca de identidade para a população sueca e, nesse sentido, quando aderiu à União Europeia, em 1995, a Suécia conseguiu obter uma isenção específica para a sua comercialização. «A proibição de comercialização na UE foi implementada em 1992, antes de a Suécia aderir à União. Está proibido há 30 anos e é uma pena», começa por referir Patrik Strömer, secretário-geral da Association of Swedish Snus, em entrevista àquele meio de comunicação. Actualmente, continuam a existir pedidos de reavaliação da directiva da UE relativa aos produtos de tabaco.
Menor incidência de cancro do pulmão
«A Noruega é um país que importa snus da Suécia. Podemos ver nas estatísticas e perceber que o tabagismo diminuiu bastante entre os mais novos», refere Samuel Lundell, membro da National Snus Association, no mesmo artigo. Já Anders Milton, presidente da Sweden’s Snus Commission, destaca que a Suécia tem a menor incidência de cancro do pulmão, em comparação com outros países da UE.
«Temos a menor incidência de cancro do pulmão na União Europeia e estamos abaixo da média europeia. Se os membros da comunidade europeia utilizassem snus, como na Suécia, haveria menos 350 mil mortes por ano», alerta o responsável, numa entrevista exclusiva à Euractiv. Segundo a mesma investigação, se a Europa quiser combater o cancro e a mortalidade relacionada com o tabaco, deverá considerar a possibilidade de levantar a proibição relacionada com os produtos de nicotina menos nocivos para a saúde.
Em termos práticos, David Eberhard, psiquiatra especializado em dependências, do hospital de Danderyds, na Suécia, considera que a UE não deveria regulamentar excessivamente e muito menos proibir o snus. «Se conseguirmos mudar uma droga que é realmente prejudicial para algo que não é tão prejudicial, alcançaremos uma redução de danos. Obviamente, a melhor coisa seria não usar snus e não fumar tabaco. Mas a segunda melhor coisa é não sofrer os mesmos efeitos do tabaco normal», realça.