“Absolutamente chave para a nossa soberania”: especialista da Critical Software analisa reforço de 25% das verbas em Defesa proposto no OE2026

João Brito, Division Director of Smart & Reliable Systems Division da Critical Software, analisou a proposta do Executivo para o setor da Defesa e justificou aumento das verbas disponíveis

Executive Digest
Outubro 10, 2025
11:58

Na proposta de Orçamento do Estado para 2026, o Governo de Luís Montenegro anunciou um aumento do reforço do orçamento da Defesa para o próximo ano em 772 milhões de euros. Este é um reforço de 25%, o que revela que este é um esforço inédito nos últimos anos.

Perante este aumento, reflexo de um contexto geopolítico mundial instável, João Brito, Division Director of Smart & Reliable Systems Division da Critical Software, empresa que desenvolve softwares críticos para esta área e que faz parte do projeto europeu BEAST, financiado em 35 milhões de euros, indicou que “o reforço do investimento em defesa está muito alinhado com o compromisso de Portugal com a NATO e corresponde precisamente à capacitação financeira desse desígnio”.

“Em especial nota-se o objetivo de investimento em áreas tecnológicas onde a indústria portuguesa é competitiva e onde já há uma base instalada, permitindo assim que o investimento não se traduza apenas na modernização das nossas Forças Armadas, mas também no desenvolvimento do nosso tecido empresarial. Poderemos ter assim um duplo benefício associado a este investimento com efeitos positivos a médio e longo prazo”, salientou o responsável da Critical Software.

“A ambição europeia no sector disponibiliza agora um conjunto de abrangentes programas que vão além do rearmamento, disponibilizando instrumentos para aquisição conjunta de capacidades ‘made in Europe’ (SAFE) e de Desenvolvimento e Tecnologia (Fundo Europeu de Defesa). Enquanto país teremos de nos concentrar na maximização da participação portuguesa nestes programas, apostando em áreas que cruzam as prioridades de desenvolvimento de capacidades críticas para as forças armadas, com as áreas de excelência da indústria nacional, com enfoque de sistemas interoperáveis e tecnologias de comando e controlo, valorizando os setores tecnológicos emergentes (sistemas autónomos, sensores, software e ciberdefesa)”, destacou João Brito, lembrando que os “sistemas de defesa são cada vez mais complexos, integrados e de rápida evolução”.

“Um país como Portugal não tem capacidade de fornecer a totalidade de um setor de defesa, mas pode ser especialista em áreas específicas. Os programas europeus de desenvolvimento de tecnologia permitem-nos integrar programas e consórcios internacionais, cruzando clientes, indústria e academia, fomentando a integração do ecossistema europeu de defesa e promovendo as vantagens competitivas da indústria nacional em áreas particulares, ao mesmo tempo que beneficia da experiência e conhecimento dos restantes parceiros”, exortou.

“Num mundo interligado e instantâneo como vivemos hoje, com a economia e todo o nosso modo de vida altamente dependente dos mais variados sistemas de software e de conetividade, a cibersegurança e a proteção das infraestruturas críticas (p.e. rede elétrica, rede de comunicações e sistemas de informação críticos) é absolutamente chave para a nossa soberania”, destacou.

“Esta é uma responsabilidade que deve ser partilhada por todos os intervenientes nestes setores. Cabe aos reguladores e operadores garantir o desenho de soluções que nos permitam resistir a este tipo de ataques, cabe ao poder político investir naquelas que são as áreas da sua responsabilidade, mas cabe também à indústria fornecer os sistemas que levem estes requisitos em questão. É importante que esta necessidade não seja vista como um extra opcional, mas antes como algo onde todos podem contribuir”, concluiu João Brito.

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