Será o teletrabalho a morte de Silicon Valley?
Mark Zuckerberg anunciou na semana passada que prevê que até 50% dos colaboradores do Facebook passe a trabalhar remotamente em 2030. A experiência forçada de teletrabalho a que o COVID-19 obrigou poderá ter um impacto duradouro na actividade diária das empresas. Além do Facebook, também o Twitter e o Square, por exemplo, apontam a um prolongamento indefinido do trabalho remoto.
Mas o que significa isto para Silicon Valley, conhecido como o polo da inovação e tecnologia a nível mundial? Com os edifícios vazios, poderá transformar-se numa espécie de cidade fantasma ou num museu do berço de algumas das maiores startups do planeta.
Segundo o Business Insider, embora esteja de olho no teletrabalho, o Facebook quer manter algum tipo de estrutura física. Contudo, Silicon Valley não parece ser a primeira escolha: a empresa está à procura de escritórios em cidades como Dallas, Atlanta ou Denver, também nos Estados Unidos da América.
O objectivo será criar hubs de apoio aos colaboradores em teletrabalho e recrutar novos talentos nestas regiões – muitas vezes, deixadas no esquecimento. A par de Silicon Valley, na Califórnia, também cidades como Nova Iorque ou São Francisco deverão sofrer com esta mudança de estratégia. Se mais empresas como o Facebook optarem por uma abordagem deste tipo, o mercado imobiliário será alvo de um golpe duro.
«Neste momento, estamos a fazer um bom trabalho no recrutamento num grupo pequeno de grandes cidades, mas ser capaz de recrutar mais amplamente por todos os EUA e Canadá abrirá portas a novos talentos que antes não considerariam mudar-se para uma grande cidade», afirmou o CEO do Facebok. Segundo Mark Zuckerberg uma das principais razões indicadas por quem deixa a companhia prende-se com a vontade de se mudarem para uma cidade onde o Facebook não tem actualmente um escritório.
A aposta irá, por isso, para hubs de apoio em regiões secundárias. Não se tratam obrigatoriamente de escritórios, garantiu Mark Zuckerberg. «Com o tempo, iremos provavelmente criar algum tipo de espaço físico para as comunidades se juntarem», explicou.
São Francisco também em risco
Dois em cada três trabalhadores do sector tecnológico na chamada Bay Area de São Francisco consideram deixar esta zona da cidade caso possam trabalhar permanentemente a partir de casa. Segundo um inquérito realizado pela Blind, também este polo de inovação – semelhante a Silicon Valley – está sob ameaça.
Além dos profissionais que gostariam de ter a hipótese de trabalhar para sempre em modo remoto, há também uma larga maioria que diz não contar regressar ao escritório todos os dias depois da pandemia. Aliás, apenas 15,1% espera trabalhar a partir do escritório diariamente, tal como acontecia antes do COVID-19.