O ano de 2025 será “particularmente favorável para os mercados bolsistas” e 2026 de “crescimento dos lucros na Europa”, referem economistas da AllianzGI

Christoph Berger, Diretor de Investimentos em Ações Europeias e Ferdinand Horneck, Gestor de Carteiras Sénior da Allianz Global Investors (AllianzGI), destacam o desempenho robusto dos mercados acionistas em 2025, apesar das tensões comerciais e da incerteza geopolítica.

André Manuel Mendes
Novembro 5, 2025
10:14

Christoph Berger, Diretor de Investimentos em Ações Europeias e Ferdinand Horneck, Gestor de Carteiras Sénior da Allianz Global Investors (AllianzGI), destacam o desempenho robusto dos mercados acionistas em 2025, apesar das tensões comerciais e da incerteza geopolítica.

“2025 configura-se como um ano particularmente favorável para os mercados bolsistas, que estão a absorver com sucesso os impactos negativos decorrentes do aumento das tensões comerciais e do risco geopolítico”, sublinham.

À data da análise European Equities Outlook Q4 2025: Europe stepping up, o índice europeu Stoxx 600 valorizou 13%, enquanto os norte-americanos MSCI World e S&P 500 registaram ganhos de 19% e 17%, respetivamente. Já o MSCI Emerging Markets destacou-se com uma subida de 30%.

Contudo, do ponto de vista de um investidor europeu, a apreciação do euro face ao dólar reduziu os retornos obtidos fora do mercado doméstico em cerca de 12%, tornando as ações europeias e emergentes as grandes vencedoras em termos relativos.

 

Ouro em alta, petróleo em queda

Apesar do otimismo nos mercados, os analistas da AllianzGI sublinham que persistem sinais de prudência entre os investidores. O ouro – tradicional refúgio em tempos de incerteza – vive uma “rally épica”, com uma valorização superior a 50% em dólares desde o início do ano.

Esta tendência tem sido impulsionada pela diversificação dos bancos centrais face aos ativos denominados em dólares, pelas preocupações com a trajetória da dívida norte-americana, pelos riscos de inflação nos EUA e pelo aumento das tensões geopolíticas.

Já o petróleo segue o caminho oposto, refletindo um aumento da oferta – com a OPEP+ a elevar as suas quotas de produção – e dúvidas sobre a força da economia global.

 

Tarifas de Trump geram incerteza, mas Europa resiste

Os economistas da AllianzGI observam que, até ao momento, as economias globais têm conseguido absorver as tarifas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, sem grandes perturbações.

 

No entanto, alertam que a imprevisibilidade da política comercial norte-americana poderá afetar o crescimento económico tanto dos EUA como dos seus principais parceiros se a atual situação se prolongar.

Apesar desse contexto, a AllianzGI mantém uma visão construtiva para as ações europeias, apontando para uma melhoria nas perspetivas de lucros corporativos e indicadores económicos (PMI) em recuperação, suportados por políticas monetárias e fiscais favoráveis, nomeadamente na Alemanha.

“Qualquer correção de mercado deve ser encarada como uma oportunidade de compra”, defendem Berger e Horneck.

 

2026: o ano da aceleração dos lucros europeus

Com mais de metade das empresas do Stoxx 600 já a reportar resultados até ao final de outubro, a época de resultados mostra-se mista. As previsões para o terceiro trimestre foram revistas em baixa nos últimos meses e deverão ficar ligeiramente abaixo do nível de 2024.

Ainda assim, os especialistas consideram que o impacto da desvalorização do dólar e das tarifas norte-americanas pode não estar totalmente refletido nas estimativas atuais.

Mais relevante, sublinham, é o que se espera para 2026: “Acreditamos que será um ano de viragem para o crescimento dos lucros na Europa”, referem os analistas da AllianzGI.

As previsões apontam para uma aceleração de 12% nos lucros das empresas do Stoxx 600, impulsionada pela dissipação dos ventos cambiais, pela adaptação das empresas às tarifas e pela melhoria do enquadramento macroeconómico.

Esta evolução deverá reduzir significativamente a diferença de crescimento face aos EUA, onde o S&P 500 deverá crescer 14%.

Contudo, Berger e Horneck alertam que o desempenho norte-americano continuará altamente dependente dos investimentos em Inteligência Artificial, sobretudo das grandes tecnológicas conhecidas como as “Magnificent Seven”.

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