Por Henrique Carvalho, diretor executivo da NERLEI CCI – Associação Empresarial da Região de Leiria/Câmara de Comércio e Indústria
A inovação e a criatividade assumem nos dias de hoje um papel tão relevante na competitividade das empresas e no desenvolvimento das economias, que o Prémio Nobel da Economia de 2025 foi atribuído a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, três economistas cujos trabalhos transformaram a forma como se entende o crescimento económico impulsionado pela inovação.
Em comunicado, a Real Academia Sueca frisa que, “ao longo dos últimos dois séculos, e pela primeira vez na história, o mundo assistiu a um crescimento económico sustentado”, referindo que os laureados “explicam como a inovação fornece o impulso para um progresso contínuo”.
Quando pensamos na definição dos conceitos de Inovação e Criatividade mais facilmente percebemos esta capacidade de, ao promovê-los, conseguirmos mais facilmente garantir um progresso sustentado. Na realidade parecem a mesma coisa, mas não exatamente. A criatividade é a capacidade de gerar ideias novas e originais, enquanto a inovação é a implementação prática dessas ideias para criar valor real.
O trabalho em rede, numa lógica de quádrupla hélice, colocando equipas das empresas, investigadores, consumidores e autoridades públicas a cocriar soluções de valor, é essencial para dar corpo a estes processos de criatividade e inovação.
A região de Leiria é reconhecida pelo envolvimento entre meio empresarial, onde a NERLEI CCI assume um papel de relevante; meio académico, com o Politécnico de Leiria; e as autoridades locais e regionais (municípios, comunidades intermunicipais, com destaque para a CIM Região de Leiria, e comissões de coordenação e desenvolvimento regional, nomeadamente a CCDR Centro).
Temos na região de Leiria exemplos muito interessantes. E muitos deles têm origem em algo que criamos durante a pandemia: o Gabinete Económico e Social da Região de Leiria (GESRL), criado em abril de 2020 pela NERLEI CCI, a CIMRL (Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria) e o Politécnico de Leiria. No âmbito do GESRL foram criados 10 Grupos de Trabalho em que participaram personalidades e entidades, públicas e privadas, e foi desenvolvido um plano de ação assente em seis objetivos estratégicos e alicerçado em 36 medidas.
Muito desse trabalho veio depois a verter-se em candidaturas a diversos projetos conjuntos de âmbito regional que envolvem o meio empresarial, o meio académico e entidades públicas. São os casos das candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito das quais existem 4 agendas mobilizadoras e 6 Test Beds em execução na nossa região. São projetos que envolvem trabalho em rede, numa lógica de quádrupla hélice, como acima referi, e que têm vindo a potenciar a criatividade e inovação na região de Leiria.
Também o CR INOVE, uma iniciativa piloto liderada pela CCDR Centro, que tem como objetivo melhorar o ecossistema de inovação na região, é um bom exemplo de trabalho em inovação e em rede, já que tem como parceiros a NERLEI CCI, a CIM Região de Leiria, o Politécnico de Leiria, a ACILIS, a STARTUP LEIRIA, a OPEN e o CENTIMFE.
No entanto, é determinante fazer mais e melhor. Neste momento, existe cooperação porque existem fundos comunitários. Se não existisse esse estímulo, será que esta cooperação
genuína se manteria? Por outro lado, considero que é importante que os decisores públicos sejam agentes e líderes da mudança e da inovação, alinhando as suas políticas com o que é verdadeiramente relevante para o desenvolvimento regional e, consequentemente, também para as empresas.




