A análise de Vasco Antunes Pereira, CEO do Grupo Lusíadas Saúde
Os resultados do 44.º Barómetro da Executive Digest mostram um tecido empresarial resiliente, capaz de se adaptar a um contexto económico e geopolítico exigente. Mais de metade das empresas alcançou resultados em linha com o esperado nos primeiros oito meses do ano e 70% antecipam um crescimento moderado até ao final de 2025. Estes indicadores confirmam a capacidade de resposta do País, mas também a necessidade de transformar a actual estabilidade em ambição e visão estratégica. A confiança nas reformas anunciadas pelo Estado, consideradas favoráveis por dois terços dos inquiridos, evidencia a importância da previsibilidade para sustentar o crescimento. Tal como na saúde, onde a estabilidade é condição essencial para planear e investir com impacto, o crescimento económico depende igualmente de um ambiente de confiança, sustentado por políticas que reforcem a produtividade, o investimento e a coesão social. O apoio expressivo à revisão da legislação laboral confirma um dos desafios estruturais de Portugal: garantir talento qualificado num mercado cada vez mais competitivo. Ainda assim, 66% dos inquiridos consideram estas mudanças insuficientes face à dimensão do problema. Na saúde, este é um tema crítico. A escassez de profissionais e a pressão sobre as equipas tornam ainda mais urgente a valorização das carreiras, a aposta em desenvolvimento e a criação de contextos que favoreçam o compromisso e a permanência. Paralelamente, é essencial reforçar a complementaridade entre os sectores público e privado, apostar em modelos de gestão mais ágeis e sustentáveis e, entre outras prioridades, acelerar a transformação digital. Só assim será possível aumentar a eficiência do sistema, melhorar o acesso e consolidar o contributo da saúde para o desenvolvimento económico e social do País.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 235) da Executive Digest, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.














