O maior navio militar construído em Itália desde o final da Segunda Guerra Mundial, o ITS Trieste, encontra-se ancorado no Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia, em Lisboa, e estará aberto a visitas do público hoje, em dois períodos: das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00. A presença do navio na capital portuguesa integra uma missão de formação de cadetes da Marinha Italiana.
A Embaixada de Itália em Lisboa confirmou a chegada do navio ao Tejo esta quinta-feira, sublinhando o carácter excecional da visita. Embora inicialmente estivessem previstas visitas ao navio já na tarde de quinta-feira e ao longo do dia de sexta-feira, essas datas e horários foram cancelados por “motivos operacionais”, adianta o Diário de Notícias. Assim, o sábado será a única oportunidade para o público conhecer de perto esta imponente embarcação.
O ITS Trieste é um navio anfíbio polivalente (LHD – Landing Helicopter Dock), também classificado como porta-helicópteros. Foi concebido para desempenhar funções de combate, transporte de tropas, operações anfíbias e apoio humanitário, sendo um dos símbolos da modernização da Marinha Italiana.
Construído pelos estaleiros da FINCANTIERI e da LEONARDO, o navio foi lançado à água em 2019 no estaleiro de Castellammare di Stabia, e posteriormente finalizado em Muggiano. Após anos de testes e preparação, entrou oficialmente ao serviço no final de 2024, numa cerimónia presidida pelo chefe de Estado italiano, Sergio Mattarella.
Com o nome da histórica cidade costeira de Trieste, situada junto ao mar Adriático, o navio representa não só a capacidade tecnológica e militar da Itália, mas também o seu compromisso com missões internacionais de segurança e cooperação.
A presença do Trieste em Lisboa insere-se numa ação de formação de cadetes da Marinha Italiana, que substitui temporariamente o emblemático navio-escola Amerigo Vespucci, atualmente em estaleiro para manutenção. O veleiro, conhecido pela sua elegância clássica e frequentemente apelidado de “navio mais belo do mundo”, serve habitualmente como plataforma de treino para os futuros oficiais da marinha italiana.
Numa primeira fase, os cadetes realizaram instrução a bordo do Vespucci, cuja designação homenageia Américo Vespúcio (ou Vespúcio), o navegador florentino que deu nome ao continente americano. Muitos destes jovens marinheiros continuam agora o seu percurso formativo no mais moderno e tecnologicamente avançado Trieste.
A visita do Trieste a Lisboa reveste-se também de um simbolismo histórico. A tradição marítima italiana remonta à época romana e conheceu especial protagonismo com as repúblicas marítimas de Génova e Veneza. Entre os navegadores de origem italiana que marcaram a história, destacam-se Cristóvão Colombo — genovês ao serviço da Coroa de Castela — e o próprio Américo Vespúcio, que também colaborou com a Coroa Portuguesa durante os Descobrimentos.
Curiosamente, a própria Marinha Portuguesa — com mais de 700 anos de história — foi fundada por um italiano: o genovês Manuel Pessanha (ou Emanuele Passagno), nomeado almirante pelo rei D. Dinis no século XIV. A presença do Trieste no Tejo serve, assim, não só para estreitar laços de cooperação entre Portugal e Itália, como também para celebrar um passado comum de navegação e descobertas.
A visita pública ao navio oferece uma rara oportunidade para observar de perto uma das mais modernas plataformas navais da Europa, num gesto de diplomacia e proximidade entre as forças armadas dos dois países.













