Portugal cai para 5.º lugar entre países da UE com mais emigrantes por população. Saiba qual é agora o destino preferido

Segundo o relatório Emigração Portuguesa 2024, elaborado pelo Observatório da Emigração, o país ocupa agora o 5.º lugar da lista, ultrapassado por Bulgária, Croácia, Lituânia e Roménia.

Revista de Imprensa
Agosto 1, 2025
10:32

Portugal deixou de ser o país da União Europeia com maior proporção de emigrantes em relação à sua população residente. Segundo o relatório Emigração Portuguesa 2024, elaborado pelo Observatório da Emigração, o país ocupa agora o 5.º lugar da lista, ultrapassado por Bulgária, Croácia, Lituânia e Roménia. Apesar da descida no ranking, o número total de emigrantes portugueses mantém-se praticamente inalterado: cerca de 2,1 milhões, equivalentes a 21% da população nacional.

A alteração na posição relativa de Portugal não se deve tanto a mudanças internas, mas sim à aceleração dos movimentos migratórios no Leste europeu. De acordo com Rui Pena Pires, sociólogo e um dos principais autores do relatório, “os países do Leste estão com a emigração a crescer muito, com países como a Roménia ou a Bulgária a perderem um quarto da sua população ativa nos últimos tempos”, explica ao Público. Além disso, refere que a qualidade e atualização das estimativas das Nações Unidas influenciaram o novo posicionamento de Portugal.

A estabilidade da emigração portuguesa foi outro dos aspetos destacados pelo relatório. Em 2023, registaram-se cerca de 70 mil saídas, números idênticos aos de 2022. A principal mudança está na escolha dos destinos: a emigração para o Reino Unido — que chegou a representar 44,4% do total — registou uma quebra significativa, reflexo do Brexit e de novas condições de entrada. Também França perdeu atratividade, com uma queda de cerca de 27% no número de entradas de portugueses.

Apesar da redução dos fluxos para destinos tradicionais, outros países europeus têm vindo a ganhar peso. Em 2023, a Suíça tornou-se o principal destino da emigração portuguesa, com 12.652 entradas, ultrapassando Espanha (11.554). França, apesar da queda, acolheu ainda 7426 portugueses, seguida da Alemanha (6375) e dos Países Baixos (4892). Rui Pena Pires nota que estas flutuações podem ter causas pontuais, como grandes obras públicas ou crises económicas nos países de destino, mas sublinha que “a substituição de destinos mostra que a emigração se mantém estável ou até a subir ligeiramente”.

Por fim, o relatório indica que a emigração portuguesa continua maioritariamente europeia e heterogénea. Em 2020, 74% dos emigrantes viviam na Europa, sendo que os menos qualificados tendem a escolher destinos tradicionais como Suíça ou França, enquanto os mais qualificados optam pelos Países Baixos e pela Escandinávia. Além disso, trata-se de uma emigração envelhecida: segundo os dados dos censos de 2011, 81% dos emigrantes estavam fora de Portugal há mais de dez anos, e o peso dos inativos subiu de 29% para 32%, em resultado do envelhecimento dos fluxos migratórios iniciados no século XX.

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