A imigração tem sido decisiva para sustentar o mercado de trabalho português e a Segurança Social, contrariando vários mitos que persistem no debate público. A conclusão é de um novo estudo da Randstad Research.
Intitulado “Mitos e Realidades sobre a Migração e o Mercado de Trabalho”, este estudo confronta perceções comuns com dados oficiais do INE, IEFP, Eurostat e Segurança Social.
De acordo com o relatório, os estrangeiros ocupam maioritariamente funções em setores com escassez de mão de obra ou que os portugueses tendem a evitar, como a agricultura, hotelaria e serviços administrativos. Em 2024, os imigrantes contribuíram com 3.645 milhões de euros para a Segurança Social, recebendo apenas 687 milhões em prestações sociais, o que resultou num saldo positivo de 2.958 milhões de euros.
A análise demonstra também que 31,6% dos estrangeiros têm ensino superior, uma percentagem acima da média da União Europeia (27,4%), embora muitos estejam sobrequalificados para as funções que desempenham em Portugal. Cerca de 30% exercem trabalhos não qualificados, face a 14,5% entre os portugueses.
Além disso, o estudo destaca que a taxa de desemprego de longa duração é inferior entre estrangeiros (20,2%) face à população total (36,9%), contrariando a ideia de que permanecem mais tempo sem emprego. No entanto, a taxa de desemprego global entre imigrantes é de 11,9%, quase o dobro da média nacional (6,6%), devido à maior presença em setores sazonais e à falta de políticas de integração eficazes.
A migração tem igualmente desempenhado um papel fundamental no rejuvenescimento demográfico: mais de 55% dos imigrantes têm entre 20 e 44 anos, contrastando com apenas 29% da população portuguesa nessa faixa etária. Em 2023, a população estrangeira residente ultrapassou pela primeira vez 1 milhão de pessoas, triplicando em apenas uma década.
Apesar de serem mais jovens e qualificados, os trabalhadores estrangeiros enfrentam condições mais precárias: 35,8% têm contratos temporários (face a 15,9% da população total) e são também mais afetados pelo trabalho a tempo parcial.
Com base em dados concretos, o estudo da Randstad pretende desmontar ideias feitas sobre a imigração e reforçar a importância estratégica desta população para o futuro do país, tanto do ponto de vista económico como demográfico.














