Uma empresária das Caldas da Rainha está a acusar o banco EuroBic/Grupo Abanca de permitir a saída indevida de 85 mil euros da conta da sua empresa, através de duas transferências bancárias que afirma não ter autorizado. Elisabete Rebelo, gerente da firma Rotunda Peças, já apresentou queixa na Polícia de Segurança Pública (PSP) e no Banco de Portugal, exigindo explicações e a responsabilização da entidade bancária. O banco, por sua vez, alega que as operações foram feitas com autenticação legítima.
O episódio ocorreu a 18 de junho. Elisabete tentou aceder à sua conta online para realizar um pagamento, mas foi impedida por um “quadrado estranho” no portal bancário. Contactou então a gestora da conta na agência das Caldas da Rainha, que lhe disse que seria contactada por outro colaborador da sede, em Lisboa. Foi durante essa chamada que, segundo descreve, lhe pediram dados da empresa e que seguisse alguns passos no site. A empresária garante que, durante o processo, lhe foi dito que tudo estava “normal”. Só após a chamada descobriu que a conta tinha apenas 24,45 euros de saldo — minutos antes, tinha mais de 85 mil euros.
“Fiquei em choque”, afirmou Elisabete Rebelo ao Correio da Manhã. Ao consultar o telemóvel, verificou que tinham sido realizadas duas transferências — uma de 50 mil euros e outra de 35 mil — para contas noutro banco. Garante que não autorizou nem recebeu qualquer alerta ou pedido de confirmação que a alertasse para a operação. Pediu de imediato o cancelamento das transferências, mas o pedido foi recusado. Foi então chamada à agência, onde, segundo relata, lhe pediram para assinar um documento a reconhecer que a chamada tinha sido iniciada por si — algo que recusa, insistindo que foi o banco a contactá-la, através de um número com indicativo 210, e não da linha oficial iniciada por 808.
Em resposta escrita à empresária, o banco alegou que “os movimentos foram realizados com recurso às credenciais de acesso ao serviço que são apenas do conhecimento da representante legal” e que foram “confirmados por tokens através de envio de SMS para o número de telemóvel registado”. Sublinhou ainda que “não tendo origem em qualquer entrada ilegal no sistema do banco ou em ausência de níveis de segurança, o banco não é responsável pelos movimentos”. Caso discorde da posição, a cliente deverá recorrer “aos meios judiciais competentes”.
Apesar de uma nova reclamação da empresária ainda estar sob análise, numa primeira comunicação assinada pela Direção de Canais Alternativos e Meios de Pagamento, o próprio banco reconheceu que o acesso à conta foi “bloqueado por motivos de segurança” e “inativado por suspeita de fraude”. A incongruência entre estas declarações e a recusa de responsabilidade por parte do banco tem alimentado a revolta da empresária: “O trabalho deles é cuidar do nosso dinheiro, e não foi o que fizeram.”













