Barack Obama vê aumento de ameaças de morte ou de execução após alegações de traição de Trump

De acordo com um relatório do Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo (GPAHE), os comentários nas redes sociais a pedirem a prisão ou execução de Obama aumentaram entre 17 e 20 de julho-

Francisco Laranjeira
Julho 24, 2025
16:47

O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, tem sido alvo de ameaças de morte e pedidos de prisão online depois de o presidente Donald Trump e a diretora de inteligência nacional, Tulsi Gabbard, o terem acusado de traição em relação à influência russa em eleições presidenciais de 2016.

De acordo com um relatório do Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo (GPAHE), os comentários nas redes sociais a pedirem a prisão ou execução de Obama aumentaram entre 17 e 20 de julho, após Trump ter alegado que o Governo Obama “manipulou e omitiu” informações importantes sobre o grau de envolvimento da Rússia nas eleições de 2016. Obama negou as acusações.

“O presidente Trump e todo o Governo condenam veementemente todas as formas de violência. O Governo Trump também acredita na responsabilização e que indivíduos que participam de atividades criminosas devem ser responsabilizados com todo o rigor da lei”, referiu o porta-voz da Casa Branca, Davis Ingle.

As ameaças começaram depois de Gabbard ter divulgado um relatório na passada sexta-feira no qual alegou que Obama e membros de seu Governo fabricaram informações de inteligência sobre a interferência russa nas eleições de 2016 para “preparar o terreno para o que foi essencialmente um golpe de anos contra o presidente Trump”.

No domingo seguinte, Trump publicou um vídeo gerado por IA na sua plataforma ‘Truth Social’, onde se pode ver Obama a ser preso e colocado na cadeia.

Desde então,os comentários direcionados a Obama aumentaram nas redes sociais ‘Truth Social’, ‘Gab’ e ‘Telegram’: na primeira, comentário a chamar Obama de traidor e merecedor de prisão ou execução aumentaram de três para 36, um aumento de 1.100%; no ‘Gab’, esses comentários aumentaram de nove para 48 — um aumento de 433%; já no ‘Telegram’, comentários desse tipo aumentaram de zero para 12.

“A pesquisa da GPAHE continua a mostrar um aumento na retórica preconceituosa e violenta online sempre que o presidente ataca pessoas com os seus posts online. A combinação de posts conspiratórios e racistas da diretora Gabbard e do presidente Trump não apenas inflamou os extremistas, mas também normalizou ainda mais a linguagem e as ideias que são completamente inaceitáveis numa democracia próspera”, referiu a GPAHE.

O gabinete de Obama divulgou uma declaração refutando as alegações, que chamaram de “ultrajantes”. “Por respeito à presidência, o nosso gabinete normalmente não dignifica com uma resposta o absurdo e a desinformação constantes que fluem desta Casa Branca. Mas essas alegações são ultrajantes o suficiente para merecer uma. Essas alegações bizarras são ridículas e uma tentativa fraca de distração”, dizia o comunicado.

“Nada no documento divulgado na semana passada contesta a conclusão amplamente aceite de que a Rússia trabalhou para influenciar a eleição presidencial de 2016, mas não manipulou com sucesso nenhuma votação”, disse o porta-voz de Obama, Patrick Rodenbush. “Essas conclusões foram confirmadas num relatório de 2020 do Comité de Inteligência do Senado, bipartidário, liderado pelo então presidente Marco Rubio [atual secretário de Estado de Trump].”

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