Agentic AI: A Nova Era dos Bancos Inteligentes

Opinião de Ricardo Galante, Principal Analytics and Artificial Intelligence Advisor do SAS Portugal

Executive Digest
Maio 14, 2025
11:15

Por Ricardo Galante, Principal Analytics and Artificial Intelligence Advisor do SAS Portugal

O avanço da inteligência artificial trouxe à luz um novo conceito: Agentic AI, tecnologias que representam a próxima fase da inteligência artificial ao serem capazes de funcionar de forma independente, lidando com atividades complexas e tomando decisões com pouca interferência humana. Este tipo de tecnologias expande os limites dos métodos convencionais do machine learning ao incorporar uma verdadeira autonomia, que permite aos agentes planear, adaptar-se e reformular estratégias de acordo com as necessidades apresentadas.

Ao contrário do machine learning que utiliza dados passados para prever eventos futuros e da inteligência artificial convencional que é eficiente, mas restrita a cenários conhecidos, a Agentic AI apresenta a capacidade singular de agir com inteligência adaptativa em ambientes em constante mudança. E estes agentes não só lidam com as situações presentes, mas também preveem necessidades futuras e propõem soluções criativas que impulsionam transformações.

No setor bancário, há atualmente uma grande tendência para a utilização da Agentic AI como uma força disruptiva e transformadora dos processos tradicionais das instituições financeiras. Para desfrutar ao máximo dos benefícios desta tecnologia é necessário promover mudanças profundas na estrutura vigente. A Agentic AI viabiliza exatamente essa possibilidade ao permitir a reconfiguração dos fluxos operacionais, com o intuito de proporcionar um atendimento ao cliente mais inteligente e eficiente. Os bancos que adotam esta solução tecnológica registam um aumento expressivo na produtividade, além da redução dos custos operacionais e da aceleração dos processos voltados à promoção da inovação.

Estes agentes de inteligência artificial têm a capacidade de lidar com todas as interações com os clientes, desde questões simples até à resolução de problemas mais complicados de forma contínua e, ao contrário dos chatbots convencionais, o seu diferencial reside na sua capacidade de compreender o contexto de novas situações, aprender com elas em tempo real, proporcionando assim experiências personalizadas genuínas.

Sendo mais concretos: os agentes de inteligência artificial podem ser altamente eficientes na análise de riscos financeiros ao considerar diversos dados relacionados ao crédito de forma estratégica e minuciosa – incluindo registos bancários detalhados e padrões de consumo específicos de cada cliente – juntamente com informações extraídas de interações nas redes sociais dos indivíduos avaliados. Através deste processo meticuloso, a IA é capaz de previsões mais precisas sobre possíveis atrasos nos pagamentos e oferecer sugestões personalizadas para as condições ideais de empréstimo, promovendo assim a inclusão financeira através da adequação das soluções às necessidades individuais.

Os sistemas convencionais de deteção de fraudes dependem de padrões estabelecidos para operar, já os agentes de IA têm capacidade para reconhecer comportamentos suspeitos que surgem recentemente e tomar medidas automáticas diante de ameaças ao ajustar as suas defesas conforme necessário. Ou seja: um agente pode interromper transações por conta própria e iniciar investigações, sem depender da aprovação de seres humanos. Os agentes possuem a capacidade de desenvolver propostas bancárias feitas à medida para cada cliente com base em informações atualizadas sobre preferências pessoais, comportamento financeiro e o perfil individual da pessoa em questão. Isto abrange recomendações específicas sobre contas correntes, seguros, investimentos e produtos de crédito adaptados de acordo com o estilo de vida único de cada pessoa.

É preciso, no entanto, ter em mente que junto do poder vem uma enorme responsabilidade que não pode ser, de forma alguma, negligenciada, o que faz com que seja imperativo estabelecer diretrizes robustas de segurança para sistemas com capacidade de Agentic AI para garantir a sua integridade. Proteger esses agentes contra possíveis invasões maliciosas é crucial para assegurar que operem de maneira ética dentro de limitações predefinidas. Monitorização contínua das atividades dos agentes, em conjunto com uma validação constante e formação baseada em dados seguros, são fundamentais para garantir que estes sistemas sejam confiáveis a longo prazo.

Ao integrar de forma estratégica a Inteligência Artificial com responsabilidade e focando na geração de valor sustentável, os bancos têm a capacidade de proporcionar experiências superiores aos clientes, melhorar a eficiência operacional e preparar-se para um futuro de constante inovação.

Acredito que, num novo cenário cheio de oportunidades que se apresentam à nossa frente hoje em dia para o setor bancário, a Agentic AI surge como o catalisador da mudança e da criatividade neste ramo empresarial tão vital para a nossa economia nacional e global. A sua capacidade em proporcionar experiências singulares aos clientes financeiros ao mesmo tempo que protege as operações bancárias e impulsiona a eficiência internamente, coloca as instituições financeiras na vanguarda de um mercado altamente competitivo e dinâmico.

Defendo, por isso, que abraçar esta onda revolucionária da tecnologia não é apenas uma decisão estratégica para os bancos atuais, mas a chave essencial para garantir um posicionamento bem-sucedido no futuro do setor financeiro.

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