“Terão implicações que não sabemos medir”: setor automóvel em Portugal prepara-se ameaças de Trump

O diretor-geral para Portugal da Stellantis, Pedro Lazarino, considerou hoje que as tarifas aduaneiras que os EUA pretendem impor a países europeus são uma preocupação, mas sem impacto a curto prazo no setor automóvel português.

“É uma preocupação, […] mas, no curto prazo, não vejo que haja uma dependência muito grande de ligação aos Estados Unidos, não vejo implicações de curto prazo”, afirmou Pedro Lazarino, em conferência de imprensa promovida pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em Lisboa, para balanço do setor em 2024.

Na terça-feira, o recém-empossado presidente americano, Donald Trump, anunciou que os países europeus vão ser sujeitos a tarifas aduaneiras, por ser “a única forma” de os Estados Unidos “serem tratados como devem ser”.

“A União Europeia (UE) é muito má para nós. Tratam-nos muito mal. Não aceitam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas. De facto, não aceitam muita coisa”, disse o Presidente dos Estados Unidos, acrescentando que, por isso, serão alvos de tarifas.

Para Pedro Lazarino, “tudo o que sejam tarifas, tem implicações que não se consegue medir em detalhe. A boa notícia é que o setor automóvel, em termos de produção, muita dela fica na Europa”, acrescentou.

O setor automóvel representa 12,6% das exportações nacionais de bens, com a Europa a representar o principal mercado de destino (peso de 87,6% em 2024).

“Não há uma dependência tão grande dos Estados Unidos, […] mas de todas as maneiras, uma vez que estamos inseridos na União Europeia, qualquer barreira ou tarifa terá implicações que hoje não sabemos medir”, vincou Pedro Lazarino.

O responsável disse não acreditar que a União Europeia siga o mesmo caminho da administração Trump, no sentido de voltar atrás com metas climáticas, uma decisão ideológica que o setor automóvel “respeita”, embora defenda uma transição mais gradual.

Segundo o plano da União Europeia para a transição ecológica “Objetivo 55”, é necessário reduzir em 55% as emissões dos automóveis ligeiros de passageiros até 2030, em 50% as emissões dos veículos comerciais ligeiros também até 2030 e, a partir de 2035, os novos veículos matriculados têm de ser livres de emissões poluentes.