Reeleição de Zelensky em risco. Popularidade em ‘queda livre’ e pressão de Trump entre os desafios que o presidente da Ucrânia enfrenta
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que tem liderado o seu país através de uma guerra devastadora contra a Rússia nos últimos três anos, enfrenta agora novos desafios políticos. Com Donald Trump de volta à Casa Branca e o apoio interno a diminuir, Zelensky poderá enfrentar uma difícil batalha pela reeleição.
A chegada de Trump à presidência dos EUA surge num momento crítico para Zelensky. O novo presidente americano tem-se mostrado cético em relação à ajuda militar à Ucrânia e, no passado, foi desdenhoso para com o líder ucraniano. Esta mudança na Casa Branca coloca em risco as relações com o aliado mais crucial da Ucrânia.
Zelensky, que no início da guerra gozava de uma taxa de aprovação de cerca de 90%, tem visto o seu apoio diminuir drasticamente. As sondagens mais recentes mostram que o seu apoio caiu para cerca de 50%, chegando a níveis ainda mais baixos quando comparado com potenciais concorrentes numa hipotética eleição pós-cessar-fogo.
O Instituto Internacional de Sociologia de Kiev revelou numa sondagem de dezembro que apenas 52% dos ucranianos ainda confiam no presidente.
A perspetiva de um cessar-fogo e possíveis eleições subsequentes tem animado a oposição política na Ucrânia. Figuras como o ex-presidente Petro Poroshenko e a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko têm procurado estabelecer contactos com a equipa de Trump.
Oleksiy Goncharenko, membro do parlamento do partido de oposição Solidariedade Europeia, criticou o estilo de liderança de Zelensky: “Ele acredita num espetáculo de um homem só, mas isso não funciona. Não somos a Rússia.”
Cenário eleitoral hipotético
Embora não estejam previstas eleições enquanto o país estiver sob lei marcial, as sondagens sobre um cenário eleitoral hipotético são desfavoráveis a Zelensky. Uma sondagem da agência Leading Legal Initiatives mostrou o ex-comandante militar Valery Zaluzhny a vencer uma hipotética primeira volta com 24% dos votos, seguido por Zelensky com 16% e Tymoshenko com 12%.
A diminuição do apoio a Zelensky tem implicações que vão além da política, podendo comprometer o seu papel como comandante-chefe em tempo de guerra. Anton Hrushetskyi, diretor executivo do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, alertou para os perigos de uma possível “deslegitimação e colapso no controlo”.
A equipa de Zelensky tem-se esforçado para estabelecer boas relações com a nova administração americana. O presidente ucraniano reuniu-se com Trump em Nova Iorque em setembro, e o seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, encontrou-se com membros da equipa de Trump em dezembro.
Houve até discussões em Kiev sobre a possibilidade de adquirir os direitos de publicação em ucraniano do livro de Melania Trump, numa tentativa de estabelecer boas relações com a família Trump.
Enquanto Zelensky enfrenta estes novos desafios, a Ucrânia continua a lutar pela sua democracia, mesmo que não possa praticá-la plenamente devido às circunstâncias da guerra. O futuro político do país e do seu atual presidente permanece incerto, dependendo não só do desenrolar do conflito, mas também da habilidade de Zelensky em navegar estas águas políticas turbulentas.