Estudantes italianos enforcam’ efígie’ de Musk no local onde corpo de Mussolini esteve exposto

Estudantes italianos do grupo esquerdista Cambiare Rotta realizaram um protesto em Milão no qual penduraram uma efígie de Elon Musk de cabeça para baixo na Piazzale Loreto, local histórico onde o ditador fascista Benito Mussolini foi exposto após ser executado em 1945. A ação simbolizou a oposição ao que o grupo descreve como “extremismo” por parte do bilionário sul-africano.

O coletivo Cambiare Rotta, que se identifica como comunista, partilhou imagens da efígie nas redes sociais acompanhadas da legenda: “Há sempre espaço na Piazzale Loreto, Elon.” Segundo a agência de notícias italiana ANSA, o grupo já esteve envolvido em controvérsias anteriores, incluindo cânticos pró-Hezbollah durante manifestações.

A escolha do local para o protesto não foi casual. A Piazzale Loreto é um marco histórico na Itália, associado ao fim do regime fascista, sendo o local onde Mussolini e outros líderes fascistas foram exibidos após a execução. A recriação do ato reflete a gravidade simbólica que os manifestantes atribuem à conduta de Musk.

Elon Musk tem enfrentado crescente indignação internacional devido ao seu alinhamento com políticas e figuras de extrema-direita desde a aquisição do Twitter, agora rebatizado como X. Entre os episódios mais recentes está o seu endosso ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) durante as eleições alemãs e a defesa da libertação de Tommy Robinson, um ativista britânico conhecido pelas suas posições anti-islâmicas e anti-imigração.

Na última semana, Musk foi alvo de críticas após ser filmado em Washington a fazer um gesto que muitos interpretaram como uma saudação nazi. No entanto, a Liga Anti-Difamação (ADL), uma ONG internacional dedicada ao combate ao antissemitismo, descreveu o gesto como “desajeitado e feito num momento de entusiasmo”, rejeitando a ideia de que se tratasse de uma saudação nazi deliberada.

Ligação ao contexto político dos EUA
O protesto em Milão ocorre num momento em que a política interna dos Estados Unidos está a influenciar movimentos extremistas internacionais. No seu primeiro dia de mandato, Donald Trump concedeu perdão a mais de mil pessoas envolvidas no ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021, incluindo líderes dos Proud Boys, condenados por conspiração sediciosa.

A marcha recente de membros dos Proud Boys em Washington, após um período de relativa ausência da esfera pública, é vista como um sinal do fortalecimento de grupos extremistas, impulsionados pelo contexto político norte-americano e pela postura pública de figuras como Elon Musk.

A crescente associação de Musk com retórica de extrema-direita tem levantado preocupações globais, especialmente considerando o seu papel como proprietário de uma das maiores plataformas de redes sociais. Especialistas e ativistas alertam para o impacto das suas declarações e comportamentos na normalização de discursos extremistas, tanto online como offline.