Polícias condenados por violência doméstica continuam a vestir a farda: apenas um em cada 100 denunciados é afastado

Foram abertos 495 processos disciplinares nas forças de segurança por violência doméstica em apenas cinco anos, indicou esta segunda-feira o jornal ‘Público’, revelando que apenas um em cada 100 denunciados foram impedidos de estar ao serviço.

De acordo com o jornal diário, a IGAI (Inspeção Geral da Administração Interna) não investiga crimes de violência doméstica. Sónia Marinho, do gabinete do inspetor-geral Pedro Figueiredo, “não há registo de abertura de processos de natureza disciplinar em que a factualidade seja relativa a violência doméstica”.

Feitas as contas, entre 2019 e 2023, a PSP somou 223 processos disciplinares, ao passo que a GNR contou 272 processos: nesta altura, 94 processos ainda estão pendentes. Estudos já revelaram que a incidência de violência doméstica até é maior nas famílias dos polícias. Tatiana Moura, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, salientou que o perfil dos candidatos, o treino militarizado, a violência no trabalho quotidiano e o stress, faz com haja “uma normalização da violência que pode trespassar a vida, que pode passar da esfera profissional para a privada”.

Num total de 401 processos fechados, há 59 condenações – três repreensões escritas, 45 suspensões e cinco demissões/aposentações forçadas.