Partido de extrema-direita de Ben Gvir abandona Governo israelita este domingo devido a acordo em Gaza
Os seis deputados do partido israelita de extrema-direita Poder Judaico, do ministro Itamar Ben Gvir, vão abandonar este domingo a coligação governamental, em protesto contra o acordo de cessar-fogo em Gaza, perdendo o executivo a maioria parlamentar.
Num comunicado, o Poder Judaico anunciou que sairá da coligação “à luz da aprovação do arriscado acordo com a organização islamita Hamas”, tal como Ben Gvir já ameaçara na quinta-feira que faria.
Entre os demissionários, encontram-se o líder do partido e ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, o ministro do Desenvolvimento do Neguev e da Galileia, Yitzhak Wasserlauf, e Amichai Eliyahu, responsável pela pasta do Património. Juntamente com estes, abandonarão o Knesset (parlamento israelita) os deputados Zvika Fogel, Limor Son Har-Melech e Yitzhak Kroizer.
A saída dos seis parlamentares do Poder Judaico deixará a coligação de Governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com 59 representantes, abaixo dos 61 necessários para ter a maioria parlamentar, embora a oposição não tenha apoios suficientes para assumir o poder executivo.
Na quinta-feira, Ben Gvir assegurou que regressaria ao Governo se a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza fosse retomada, o que significaria o fim do cessar-fogo no final da sua primeira fase, de 42 dias.
Durante a primeira fase, de um total de 94 reféns capturados no ataque de 07 de outubro de 2023 e ainda mantidos em cativeiro no enclave, o Hamas libertará 33, em troca da libertação de 1.890 prisioneiros palestinianos das cadeias israelitas.
Os restantes 61 reféns, vivos e mortos, só serão devolvidos a Israel numa fase posterior, cujos termos serão ainda negociados entre as partes, com a ajuda dos mediadores do Egito, Qatar e Estados Unidos.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que, juntamente com Ben Gvir, se opôs durante toda a guerra a qualquer cessar-fogo e votou contra este acordo, também ameaçou abandonar o Governo se Israel não se comprometer a prosseguir a guerra em Gaza, quando terminar a primeira fase da trégua.
No entanto, Netanyahu manteve pelo menos cinco reuniões com Smotrich nos últimos dias, numa tentativa de impedir que ele saia, oferecendo-se para aumentar a presença de Israel na Cisjordânia ocupada, segundo a comunicação social israelita.
Se perder o apoio do partido de Smotrich, o Sionismo Religioso, o Governo de Netanyahu corre o risco de cair. Mas o líder da oposição, Yair Lapid, ofereceu ao primeiro-ministro o seu apoio como “rede de segurança”, caso isso aconteça, para que o acordo possa ser cumprido.
Por outro lado, em declarações à estação televisiva israelita 12, Ben Gvir assegurou que Netanyahu lhe prometeu despedir o chefe do Estado-Maior do Exército, Herzi Halevi, e atribuir-lhe o mérito se ele não abandonasse a coligação.
“Nada foi oferecido a Ben Gvir. É uma completa mentira”, reagiu o gabinete do primeiro-ministro, num breve comunicado.