Almaraz: Governo espanhol aumenta pressão para que central nuclear continue a funcionar
A central nuclear de Almaraz, situada na Extremadura espanhola, a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira com Portugal, está prevista para iniciar a fase de arrefecimento este ano, com o encerramento definitivo agendado para 2028. Este plano, resultado de um acordo entre o Governo espanhol e os proprietários da central, incluindo a Iberdrola e a Endesa, tem gerado controvérsia e protestos de trabalhadores e autoridades locais.
A central nuclear de Almaraz é uma das principais impulsionadoras económicas da Extremadura, proporcionando cerca de três mil empregos diretos e pelo menos mil indiretos. O seu encerramento afetaria significativamente a economia local, desestabilizando famílias e comunidades que dependem desta fonte de rendimento. Além disso, Almaraz contribui com 7% do consumo energético de Espanha e evita a emissão de seis milhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, desempenhando um papel crucial na sustentabilidade energética do país.
Os trabalhadores da central e autarcas locais têm expressado preocupações sobre o risco estratégico para Espanha ao fechar centrais nucleares sem assegurar fontes alternativas de energia. Um movimento de cidadãos está a organizar um desfile e manifestação próximo da infraestrutura para pressionar o governo e as empresas a reverterem a decisão de encerramento antes do primeiro trimestre deste ano, considerando este o momento decisivo para garantir a continuidade da produção de energia em Almaraz.
Pressão política: oposição pede continuidade
Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP) e principal opositor do governo de Pedro Sánchez, criticou a decisão de encerrar a central, argumentando que contraria a tendência de outros países europeus que investem na energia nuclear como uma solução para a transição energética. Feijóo sublinhou que “o nuclear gera energia verde” e destacou que a falta de “energia barata, acessível e próxima de Almaraz” poderia levar a um aumento dos preços de energia, afetando a competitividade industrial, especialmente para indústrias com alto consumo energético.
Feijóo defendeu ainda que a manutenção da central é essencial para a soberania energética de Espanha, referindo-se a grandes investimentos previstos na região, como os dois novos data centers da Merlin Properties na Extremadura, num investimento de 15 mil milhões de euros. Este projeto é crucial para a economia local e nacional, sendo complementado por um campus de data center em construção em Castanheira do Ribatejo, em Portugal, com a primeira fase prevista para 2027.
Apesar dos apelos para reconsiderar o encerramento, o Ministério espanhol da Transição Ecológica reafirmou que o acordo deve ser mantido, comprometendo-se com o encerramento gradual da central até 2028. A decisão continua a ser um ponto de discórdia, refletindo o dilema entre a sustentabilidade energética e as necessidades económicas e sociais da região.