Nem Von der Leyen, nem Xi Jinping e Bolsonaro pode não aparecer: As ausências ‘de peso’ na tomada de posse de Trump

A cerimónia de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, marcada para o próximo dia 20 de janeiro, promete ser um evento de grande simbolismo político e diplomático, mas também de polarização, com ausências notáveis entre figuras internacionais e nacionais. O evento, que seguirá o tradicional protocolo da Constituição norte-americana, contará com a presença de importantes aliados de Trump, mas ficará marcado pela ausência de líderes de peso como Pedro Sánchez e Ursula von der Leyen.

Os ausentes: líderes europeus, Michelle Obama e Jair Bolsonaro

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, não estará presente na cerimónia, mantendo uma tendência das administrações anteriores de não enviarem representantes de alto nível para as posses presidenciais nos EUA. De acordo com Paula Pinho, porta-voz da Comissão, “esta ausência não representa um afastamento intencional, mas sim uma prática diplomática comum”. No entanto, a decisão reflete a relação tensa entre Trump e a União Europeia durante o seu mandato anterior.

Pedro Sánchez, Presidente do Governo de Espanha, também será uma ausência relevante. José Manuel Albares, ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, sublinhou que a decisão se alinha com a posição do governo em rejeitar o apoio à extrema-direita. Apesar disso, Espanha será representada pela embaixadora Ángeles Moreno.

Michelle Obama, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, já confirmou que não estará presente, continuando a demonstrar publicamente o seu distanciamento em relação a Trump. A ex-primeira-dama já tinha faltado a outros eventos presidenciais recentes, como o funeral de Jimmy Carter, ao qual Barack Obama compareceu sozinho.

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, também foi convidado, mas a sua presença permanece incerta devido às restrições impostas pela justiça brasileira, relacionadas à investigação sobre o ataque às instituições democráticas em 2023.

Por outro lado, Xi Jinping, presidente da China, optou por não comparecer pessoalmente, enviando um representante diplomático de alto nível, um gesto que reflete as tensões entre Pequim e Washington. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também confirmou que não participará, destacando a ausência de chefes de Estado da América Latina, exceto o argentino Javier Milei.

Os presentes: aliados de Trump e empresários de peso

Apesar das ausências, a cerimónia contará com um grupo significativo de figuras políticas alinhadas com Donald Trump. Entre os destaques estão Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, e Javier Milei, presidente da Argentina. Além disso, Santiago Abascal, líder do partido espanhol Vox, estará presente como parte de uma delegação do Parlamento Europeu.

Na esfera empresarial, magnatas como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos estarão entre os convidados, reforçando o foco de Trump na economia e na tecnologia. Todos os ex-presidentes vivos dos EUA, incluindo Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, também marcarão presença, apesar de algumas tensões históricas.

Portugal na posse de Trump

Portugal estará representado pelo embaixador português em Washington, uma prática diplomática habitual. Segundo fonte do Governo, “não é comum os Estados Unidos endereçarem convites diretos aos chefes de Estado ou de Governo”. Contudo, André Ventura, líder do Chega, destacou ter recebido um convite para participar na cerimónia, descrevendo-o como “pessoal e intransmissível”. Apesar de ainda não ter decidido se viajará para Washington, Ventura sublinhou a importância de reforçar uma “aliança de patriotas” contra o que classifica como “a esquerda destruidora e o globalismo”.

O convite a Ventura foi dirigido ao grupo Patriots.eu, do qual o Chega faz parte. Este grupo reúne líderes de extrema-direita europeia e destaca-se pelo apoio a Trump e às suas políticas nacionalistas.

um evento altamente simbólico

A cerimónia incluirá um chá na Casa Branca, seguido da tomada de posse no Capitólio, um almoço no Congresso e três bailes de gala. Steve Witkoff e Kelly Loeffler, copresidentes do comité inaugural, afirmaram que o evento reflete o compromisso de Trump com a “unidade nacional e a força da agenda America First”.

Esta será a segunda tomada de posse de Donald Trump, e o contraste com a posse de Joe Biden, marcada pela ausência de Trump e pelo impacto do ataque ao Capitólio, será inevitável. A atenção estará não apenas nas presenças, mas também nas ausências, que evidenciam as divisões políticas tanto nos Estados Unidos como a nível global.