Já há mais casas à venda em Portugal. Oferta aumentou, mas preços teimam em não baixar

A disponibilidade de imóveis no mercado habitacional português registou um aumento de 2% no quarto trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. Este crescimento representa uma desaceleração face ao trimestre anterior, quando a oferta tinha subido 5%.

De acordo com os dados do idealista, entre as capitais de distrito, o Porto destaca-se com um aumento de 34% na oferta de habitação à venda no último ano, seguido de Vila Real (26%) e Santarém (12%). Outras cidades como Bragança (11%), Leiria (6%), Viseu (4%), Faro (3%), Braga (2%), Castelo Branco (1%) e Aveiro (1%) também registaram acréscimos.

Por outro lado, Portalegre sofreu a maior quebra na disponibilidade de imóveis, com uma descida de 34%. Seguem-se a Guarda (-11%), Funchal (-9%), Viana do Castelo (-8%), Coimbra (-6%), Évora (-5%), Beja (-5%), Lisboa (-4%), Setúbal (-3%) e Ponta Delgada (-3%).

A nível distrital, Vila Real (17%), Porto (15%) e Bragança (14%) lideraram o aumento de oferta. Distritos como Viseu (7%), Braga (7%), Leiria (7%), Beja (6%), Viana do Castelo (4%), Santarém (2%) e Faro (1%) também registaram subidas.

Em contrapartida, Lisboa foi o distrito com a maior descida no número de casas disponíveis para venda (-8%), seguido da Guarda (-7%), Castelo Branco (-7%), Setúbal (-6%), ilha de São Miguel (-4%), Coimbra (-4%), Portalegre (-3%) e Aveiro (-2%). Já no distrito de Évora e na ilha da Madeira, a oferta manteve-se estável.

No entanto, os preços das habitações em Portugal irão continuar a subir até, pelo menos, 2026, apesar da estabilização das taxas de juros. A principal razão para este crescimento continua a ser a escassez de mão de obra qualificada, associada a atrasos na implementação de medidas estruturais, como o programa “Construir Portugal” e o Orçamento de Estado para 2025 (OE2025).

De acordo com a previsão da consultora Agenda Urbana, o aumento da procura por habitação, impulsionado por taxas de juros mais baixas e por medidas governamentais como isenções fiscais para jovens, não é suficiente para contornar os desafios críticos do setor. A falta de entre 80.000 e 90.000 profissionais qualificados no mercado eleva os custos de construção, apesar da estabilização dos preços dos materiais. Este défice, combinado com a burocracia e os atrasos em programas como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), contribui para a crise de oferta.