Centeno diz que trabalha para ser reconduzido como governador do BdP
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse em entrevista à RTP3 que exerce o seu mandato com independência e que trabalha para ser reconduzido no cargo.
Em entrevista à RTP3, na quarta-feira à noite, Centeno disse que já no passado afirmou que trabalhava para fazer um segundo mandato como governador e que “esse objetivo” se mantém pois nunca trabalhou para apenas “passar com 10”.
“O meu foco é completar o meu mandato, há um segundo mandato, nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10”, afirmou Centeno.
O ex-ministro das Finanças do Governos PS (de António Costa) acrescentou que sabe que essa decisão não está nas suas mãos mas nas do Governo (PSD/CDS-PP, de Luís Montenegro).
Questionado sobre a sua independência, Centeno garantiu que é independente enquanto governador e que essa independência “é muito fácil de avaliar”.
A independência “não é um estado de espírito”, mas “a capacidade técnica de afirmar e de analisar de forma autónoma, consciente e rigorosa” as decisões a tomar.
Mário Centeno indicou que tem tido relacionamento próximo com as instituições da República (referindo o Presidente da República e o Governo) a quem dá a conhecer as análises do BdP à economia, bem como o trabalho que o BdP tem apresentado relacionado com a melhoria no setor bancário. Considerou que têm sido conseguidos “resultados extraordinários para Portugal” e exemplificou com os desempenhos dos bancos portugueses nos testes de ‘stress’ europeus.
Mário Centeno foi escolhido para governador do BdP em 2020 pelo Governo PS liderado por António Costa, depois de ter sido seu Ministro das Finanças, o que provocou então muita polémica.
No fim de 2023, após António Costa se ter demitido de primeiro-ministro, foi conhecido que aquele indicou Centeno para o substituir no cargo, o que novamente levantou questões sobre a independência de Centeno.
Mais recentemente, casos públicos têm revelado mal estar entre Centeno e o atual Governo, como o da remuneração de Hélder Rosalino (o BdP recusou publicamente pagar o salário de Rosalino caso este fosse para secretário-geral do Governo), acentuando as dúvidas sobre a recondução de Centeno como governador.
Esta quarta-feira, no parlamento, o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, disse que é estranho que a comissão de vencimentos do BdP não se reúna há 13 anos e que aguarda pela indicação de quem será o ex-governador a participar na comissão para convocar uma reunião.