Vaga de frio e sanções à Rússia ameaçam o petróleo. Poderão estar as reservas em risco?
O preço do petróleo Brent, que encerrou 2024 em 74 dólares por barril, surpreendeu ao iniciar 2025 com uma subida acelerada, ultrapassando os 80 dólares por barril em meados de janeiro. Esta valorização, de 8 dólares em comparação com o mês anterior, é impulsionada por uma combinação de fatores: a intensificação das sanções ao petróleo russo e iraniano, uma procura crescente devido às baixas temperaturas no hemisfério norte, e receios de perturbações no abastecimento.
A Agência Internacional de Energia (AIE) confirmou que as ondas de frio, que têm afetado regiões como o Canadá, EUA, Europa e Ásia, estão a provocar um aumento significativo na procura de petróleo.
Em dezembro, o consumo global registou um crescimento sólido de 1,5 milhões de barris por dia (mb/d), superando as previsões anteriores em 260 mil barris por dia. Além disso, o uso intensificado de aquecimento em resposta às temperaturas extremas elevou os níveis de consumo nos países da OCDE, conta o ‘elEconomista’.
Por outro lado, as sanções anunciadas a 10 de janeiro pelos EUA visam diretamente dois grandes produtores russos, Gazprom Neft e Surgutneftegaz, além de mais de 160 navios que transportam petróleo para a Rússia, Irão e Venezuela. Estas medidas complicam a logística de exportação de petróleo russo e iraniano, o que poderá agravar os receios de escassez no mercado.
No ano passado, a produção de petróleo na região caiu 1,8 mb/d devido a ondas de frio intensas. Embora a atual queda sazonal seja menos acentuada, as reservas de petróleo em Cushing, nos EUA, estão nos níveis mais baixos da última década, reforçando os receios de uma redução drástica no abastecimento.
Ainda assim, há perspetivas otimistas. A AIE prevê que os produtores não-OPEP+ adicionem 1,5 mb/d de oferta em 2025, com destaque para os EUA, Brasil, Guiana, Canadá e Argentina. Paralelamente, os membros da OPEP+ podem reverter os cortes voluntários de produção para compensar potenciais perturbações e atender à procura crescente, estimada em 1,05 mb/d para 2025.