Voo fora de horas por causa de Musk? Companhia aérea culpa lixo espacial causado pelos foguetões da SpaceX por atrasos
A companhia aérea australiana Qantas tem enfrentado atrasos, que habitualmente são pouco comuns, nos seus voos entre Sydney e Joanesburgo, mas já apontou uma razão: Detritos de foguetões da SpaceX, empresa de Elon Musk, que têm reentrado na atmosfera terrestre sobre o Oceano Índico, criando desafios inesperados para a aviação comercial.
Os voos da Qantas passam por uma área do sul do Oceano Índico que é usada pela SpaceX como um ponto de queda para a reentrada controlada de detritos da parte superior dos foguetões Falcon 9. Segundo a companhia aérea australiana, os atrasos agora registados devem-se à necessidade de garantir a segurança dos passageiros e tripulações das aeronaves, perante o risco.
“Nas últimas semanas, tivemos de atrasar vários voos entre Joanesburgo e Sydney devido a informações recebidas do Governo dos EUA sobre a reentrada de foguetões da SpaceX numa área extensa do sul do Oceano Índico”, afirmou a Qantas, citada pela Euronews.
A companhia explica que procura ajustar os horários com antecedência, mas as mudanças de hora e datas dos lançamentos da SpaceX têm tornado este planeamento um verdadeiro pesadelo. “Sempre que sabemos que um voo será impactado, informamos os passageiros imediatamente”, garantiu a Qantas.
Os atrasos recentes têm sido significativos. De acordo com o analista de rotas aéreas, Dr. James Pearson, muitos voos partiram com mais de cinco horas de atraso. “Embora nem todos os atrasos possam ser diretamente atribuídos aos detritos da SpaceX, a Qantas, como todas as companhias aéreas, prioriza a segurança e tomou medidas preventivas”, explicou Pearson.
Um exemplo ilustrativo ocorreu a 10 de janeiro. Um voo da Qantas que deveria partir de Joanesburgo às 17:15 foi adiado em mais de cinco horas, descolando apenas às 22:41. Coincidentemente, no mesmo dia, a SpaceX lançou um foguetão Falcon 9 com 21 satélites Starlink a bordo, às 14:11 (hora local do Cabo Canaveral), apenas algumas horas antes do voo programado.
Os foguetões Falcon 9, amplamente elogiados pela sua reutilização, ainda produzem detritos significativos. Enquanto o primeiro estágio do foguetão retorna à Terra para ser reutilizado, a secção superior, que pesa cerca de 3,5 toneladas, permanece em órbita temporariamente antes de reentrar na atmosfera. Embora grande parte desta secção seja destruída ao reentrar, nem todos os fragmentos são completamente queimados, e alguns chegam ao solo.
Casos documentados incluem a queda de detritos na costa das Ilhas Scilly, no Reino Unido, em 2015, e em propriedades privadas, como uma fazenda no estado de Washington, EUA, em 2021. Mais recentemente, em 2022, pedaços de detritos foram encontrados nos Alpes Australianos, em Nova Gales do Sul.
A SpaceX, consciente dos riscos, estabeleceu uma linha direta para reportar detritos encontrados, alertando os cidadãos para não tentarem manusear ou recolher os fragmentos. “Se acreditar que identificou um pedaço de detrito, por favor, não tente manuseá-lo. Envie-nos um e-mail ou deixe uma mensagem de voz com a sua descrição e localização”, recomenda a empresa.
Com o aumento do número de lançamentos espaciais, este fenómeno poderá tornar-se uma preocupação mais frequente para as companhias aéreas que operam em rotas sobre áreas usadas para reentradas de foguetões. Embora as implicações para a segurança sejam limitadas graças às precauções tomadas, os atrasos inevitáveis geram incómodos significativos para os passageiros e desafios logísticos para as empresas.