Secretas fazem queixa à PGR sobre falso relatório de operação para contrariar influência de Ventura

O Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) apresentou uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR) após a circulação nas redes sociais de um documento falso que alegadamente atribuía ao Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa (SIED) uma operação destinada a “reduzir a influência de André Ventura”. A denuncia é confirmada oficialmente pelo gabinete do secretário-geral do SIRP, embaixador Vítor Sereno, à revista SÁBADO.

O documento que se encontra a circular nas redes sociais é datado de 11 de janeiro de 2025, exibe o logótipo do SIRP e é apresentado como um relatório do SIED, o ramo externo das secretas portuguesas. Nele, descreve-se uma suposta operação denominada “Aquila 26”, supostamente criada para contrapor o crescimento da influência de André Ventura, líder do Chega, no contexto das presidenciais de 2026.

Em declarações à SÁBADO, o gabinete de Vítor Sereno refutou categoricamente a autenticidade do documento: “O referido documento é falso”, garantiu, acrescentando que “o SIRP dirigiu uma participação à Procuradoria-Geral da República”. A denúncia foi feita contra desconhecidos.

A falsidade do documento foi igualmente destacada por um antigo analista de informações, que identificou múltiplas incongruências no mesmo. “O SIED só atua no estrangeiro. Um documento deste género, caso existisse, teria de ser produzido pelo SIS [Serviço de Informações de Segurança, que opera no território nacional]”, explicou à mesma revista.

Ainda, o documento contém uma classificação como “ultrassecreto”, uma categoria inexistente nos sistemas de classificação do SIRP. Segundo o especialista, os documentos do SIRP são classificados em cinco níveis: “reservado, confidencial, secreto, muito secreto e não classificado”.

Outro detalhe que denuncia a falsificação é a inclusão de destinatários com títulos específicos, como o “Chefe da Divisão de Operações Estratégicas”, o “Analista Sénior em Contra-Influência” e o “Diretor de Operações”. “Em documentos autênticos, não se mencionam nomes de pessoas nem cargos específicos desta forma. Há também um tom claramente inspirado em estilos americanos, algo incomum para relatórios nacionais”, criticou o analista.

Da mesma forma, a data que figura no falso relatório também faz levantar sobrolhos. 11 de janeiro de 2025 foi um sábado, diz em que ninguém trabalha no SIRP no sentido de produzir um destes documentos. Também a linguagem levantou logo suspeitas.

O Chega, através de uma declaração oficial enviada ao mesmo meio de comunicação, manifestou indignação perante o conteúdo do documento falso e solicitou uma rápida intervenção das autoridades. “Esperemos que as autoridades rapidamente identifiquem e punam os autores deste documento tão grave”, declarou o partido.