Papa Francisco revela ter recebido caixa branca com “abusos e negócios obscuros” da Igreja Católica
O Papa Francisco reconheceu que recebeu, quando assumiu o cargo, há mais de uma década, uma “grande caixa branca” cheia de documentos sobre “abusos e negócios obscuros” na Igreja Católica.
A revelação consta na sua autobiografia, intitulada ‘Spera’ (Esperança), publicada esta terça-feira e escrita com o autor italiano Carlo Musso: de acordo com a editora Mondadori, esta é a primeira vez que um Papa em exercício escreveu uma crónica tão pessoal.
Normalmente, um novo Papa só assume o poder após a morte do seu antecessor, mas a renúncia sem precedentes de Bento XVI, em 2013, permitiu a entrega pessoalmente do poder a Francisco: no livro, o Papa descreveu a visita ao Papa Bento em Castel Gandolfo, o palácio de verão papal.
“Deu-me uma grande caixa branca”, escreveu Francisco. “Documentos relacionados às situações mais difíceis e dolorosas. Casos de abuso, corrupção, negócios obscuros e delitos”. “Está tudo aqui”, disseram ao Papa Francisco. “Agora é a sua vez” de lidar com isso. Na autobiografia, o Sumo Pontífice escreveu que se sentiu “chamado a assumir a responsabilidade por todo o mal cometido por certos padres”.
Francisco, anteriormente conhecido como Jorge Bergoglio, utilizou o novo livro para contar a história da sua juventude em Buenos Aires, Argentina, onde cresceu numa família grande e era apaixonado por futebol e tango. “Sinto que tenho uma reputação que não mereço, uma estima pública da qual não sou digno”, indicou Francisco. “Este, sem dúvida, é meu sentimento mais forte.”
O livro de memórias conta os principais momentos do seu papado, incluindo as duas tentativas de assassinato que enfrentou durante uma visita ao Iraque em 2021, conforme revelado no mês passado num trecho do diário italiano ‘Corriere delle Sera’.