O que torna a Gronelândia uma peça chave na geopolítica mundial?
O recente interesse controverso de Donald Trump pela Gronelândia marcou as capas dos jornais, mas já desde o século XIX que a Gronelândia se destaca como uma peça central nas dinâmicas geopolíticas e económicas globais.
De acordo com uma análise da XTB, o interesse no território dinamarquês deve-se às suas vastas reservas de recursos estratégicos, incluindo as chamadas terras raras, urânio e petróleo, mas também metais críticos para a indústria, nomeadamente zinco, cobre e níquel. Estes recursos tornam a ilha numa prioridade no radar de investidores e grandes potências, especialmente num momento em que as alterações climáticas estão a transformar a viabilidade da exploração desses recursos.
O degelo no Ártico, em particular, está a reconfigurar a realidade económica e geopolítica da Gronelândia. Além de facilitar a extração destas matérias-primas, quando antes essa exploração era demasiado dispendiosa ou mesmo impossível, este fenómeno pode criar novas rotas marítimas que podem encurtar significativamente o comércio entre a Europa e a Ásia.
A relevância geopolítica da Gronelândia é ainda sublinhada pelo facto de a ilha beneficiar de uma posição única que conecta os continentes europeu e americano. A presença de uma base militar americana no território reforça a sua importância num potencial cenário de conflito global, oferecendo uma localização estratégica para a monitorização e proteção das costas da América do Norte e de aliados da NATO.
Apesar do seu potencial económico significativo, a economia da Gronelândia permanece ancorada em atividades marítimas, com as exportações de peixe e crustáceos a representarem mais de 60% da balança comercial. Os principais destinos são a Dinamarca, que absorve 49% das exportações, e a China, que representa 23%. Este panorama reflete uma dependência económica de mercados específicos, expondo o país a riscos associados às flutuações no comércio internacional.