Pelo menos 11 pessoas içadas da mina de ouro de Stilfontein na África do Sul

Pelo menos 11 pessoas, quatro das quais mortas, foram hoje içadas à superfície da mina de ouro abandonada de Stilfontein, na África do Sul, onde centenas de mineiros ilegais, nomeadamente moçambicanos, estão presos desde novembro.

“Podemos confirmar que a máquina está a funcionar. Trouxe de volta sete pessoas”, disse o porta-voz da organização da sociedade civil Sanco, Mzukisi Jam, referindo-se ao cesto e guincho especializados que entraram hoje em ação em Stilfontein para trazer os mineiros presos à superfície.

Quatro corpos foram também retirados da mina, disse o líder da comunidade local, Johannes Qankase, depois de uma equipa da agência noticiosa France-Presse (AFP) no local ter observado o transporte do que pareciam ser restos mortais embalados.

“Foi-nos garantido que agora será mais rápido porque eles conhecem o caminho e sabem o que fazer. Por isso, esperamos que sejam muito mais rápidos”, disse Mzukisi Jam aos meios de comunicação social no exterior do poço com quase dois quilómetros de profundidade.

Durante meses, o acesso a esta mina foi vedado no âmbito de uma operação policial destinada a prender centenas de ‘zama zamas’ (“aqueles que tentam” em zulu), como são chamados os mineiros ilegais, muitas vezes estrangeiros.

Para os encorajar a sair, o abastecimento do que parecia ser uma pequena cidade subterrânea foi restringido desde o início de novembro. Mas poucos mineiros ressurgiram, por estarem demasiado fracos, segundo a comunidade local, que vivia da economia informal em torno da mina.

Em 17 de dezembro, as autoridades sul-africanas anunciaram o repatriamento de 27 moçambicanos menores de idade, sem documentos, para o seu país, sendo que alguns tinham sido resgatados das minas de exploração ilegal em Stilfontein.

A exploração mineira ilegal é uma prática comum na África do Sul, com mineiros, por vezes menores de idade, a trabalhar em minas desativadas e abandonadas, principalmente na área da cidade de Joanesburgo e arredores.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou os ‘zama zamas’ como “uma ameaça” à economia e à segurança.

Além dos riscos envolvidos, a exploração mineira ilegal afeta a economia sul-africana e resulta em enormes perdas de receitas tanto para o Governo como para a indústria mineira do país.

As autoridades estimam que cerca de 14.000 supostos mineiros ilegais já tenham sido detidos, em sete províncias do país, desde dezembro de 2023.