Seul revela: Soldados norte-coreanos capturados na Ucrânia não querem desertar para a Coreia do Sul
Dois soldados norte-coreanos capturados pelas forças ucranianas, enquanto lutavam ao lado da Rússia na região fronteiriça de Kursk, não manifestaram qualquer intenção de pedir asilo à Coreia do Sul, segundo informou a agência de espionagem sul-coreana aos deputados, na segunda-feira.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou na rede social X que a Ucrânia está disposta a devolver os soldados à Coreia do Norte em troca de prisioneiros ucranianos detidos pela Rússia. Zelensky acrescentou que “poderão haver outras opções” para os soldados norte-coreanos que não desejem regressar, com um vídeo divulgado pelo governo sugerindo que pelo menos um dos soldados gostaria de permanecer na Ucrânia.
Num briefing à porta fechada na Assembleia Nacional da Coreia do Sul, o Serviço Nacional de Informações (NIS) confirmou a sua participação no interrogatório aos soldados em colaboração com as autoridades ucranianas. De acordo com os deputados presentes, os soldados não solicitaram o reassentamento na Coreia do Sul, mas a agência indicou estar aberta a discussões com a Ucrânia caso os soldados expressem esse desejo.
Koo Byoungsam, porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul, destacou que facilitar o asilo exigiria “revisões legais, incluindo o direito internacional, e consultas com as nações envolvidas”.
Primeira vez desde a década de 1950
A agência de espionagem sul-coreana estima que aproximadamente 300 soldados norte-coreanos morreram e 2.700 ficaram feridos enquanto combatiam na Ucrânia, marcando o primeiro envolvimento militar em larga escala da Coreia do Norte desde a Guerra da Coreia, em 1950.
O NIS relatou que os soldados norte-coreanos têm dificuldades em adaptar-se às tecnologias modernas de combate, como drones, e têm sido prejudicados pelas táticas rudimentares dos comandantes russos. Memórias recuperadas de soldados norte-coreanos falecidos revelaram ordens para cometer suicídio em vez de serem capturados, com um soldado supostamente gritando “General Kim Jong-un” antes de tentar detonar uma granada para evitar a captura.
Zelensky confirmou a captura dos soldados norte-coreanos no sábado, enquanto a Ucrânia lançava novas ofensivas em Kursk, em meio a contra-ataques russos em curso.
Moon Seong-mook, um general de brigada sul-coreano reformado, afirmou que as tropas de Pyongyang provavelmente enfrentaram altas baixas devido à falta de preparação para o terreno desconhecido de Kursk, significativamente diferente das regiões montanhosas da Coreia do Norte.
“O ambiente atual do campo de batalha, combinado com drones e outras tecnologias, criou situações que os soldados norte-coreanos nunca encontraram antes”, declarou Moon. “Eles também estão sendo implantados em grande número em campos abertos, onde não há onde se esconder, em batalhas contínuas para retomar a área, e é lá que parecem estar a ocorrer as baixas”, acrescentou.
Moon também destacou as condições precárias de treino na Coreia do Norte, onde dificuldades financeiras forçam os soldados a trabalhar na agricultura ou na construção para sustentar a economia.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Seul continua preocupada que o envolvimento da Coreia do Norte na Ucrânia possa fortalecer as suas capacidades militares, particularmente se a Rússia fornecer tecnologia avançada ou experiência de combate que possa melhorar as forças armadas nucleares da Coreia do Norte.