Nuvem de suspeitas paira sobre a China: Patentes revelam desenvolvimento de tecnologias para cortar cabos submarinos
Uma investigação recente revelou que engenheiros chineses desenvolveram dispositivos projetados para cortar cabos submarinos de comunicação de maneira rápida e económica. Esta descoberta surge num momento em que navios chineses são suspeitos de terem danificado cabos cruciais no Mar Báltico, ao largo da Noruega e nas proximidades de Taiwan, levantando preocupações sobre possíveis atos de sabotagem.
Segundo revela a Newsweek, em 2020, uma equipa de engenheiros da Universidade de Lishui, na província costeira de Zhejiang, desenvolveu um dispositivo descrito como “cortador de cabos submarinos do tipo de arrasto”. Os autores, Zhang Shusen, Dai Ying, Fu Changrong, Gao Zikun, Li Xuping e Ji Guangyao, explicaram que o objetivo era fornecer uma solução mais eficiente e de baixo custo em comparação com os métodos tradicionais de corte de cabos, que requerem a localização, escavação e recuperação dos cabos antes de serem cortados.
“Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia, cada vez mais cabos submarinos são instalados no fundo do mar em todo o mundo, e é necessário cortá-los em situações de emergência”, afirmaram os autores. O dispositivo permitiria verificar o sucesso do corte através do resíduo de cobre, material condutor preferido usado nos cabos submarinos.
Incidentes suspeitos
Vários incidentes de danificação de cabos submarinos ocorreram recentemente, com navios chineses ou russos identificados nas áreas antes dos danos, levantando suspeitas de sabotagem. O governo chinês declarou que pelo menos um dos incidentes foi acidental. No entanto, a presença de navios como o Xing Shun 39, Newnew Polar Bear e Yi Peng 3 nas proximidades das ocorrências levanta questões sobre as intenções por trás dessas ações.
Em Taiwan, um cabo de telecomunicações foi cortado ao largo da costa norte em 3 de janeiro, com o navio Xing Shun 39 sob suspeita. Analistas sugerem que este poderia ser um ataque de zona cinzenta ou híbrido.
Especialistas sublinham a gravidade destas ações. Benjamin L. Schmitt, do Centro Kleinman para Políticas Energéticas da Universidade da Pensilvânia, afirmou à Newsweek, que “a China tem a capacidade técnica e motivação para realizar operações de sabotagem de infraestruturas submarinas”. Ele acrescentou que o facto de haver múltiplas patentes técnicas para dispositivos de corte de cabos submarinos só reforça as suspeitas de que Pequim possa estar a desenvolver opções técnicas para futuras operações de guerra submarina.
Gregory Falco, professor na Universidade de Cornell, destacou o uso dual desta tecnologia, que pode ser legítima para remover cabos antigos, mas também pode ser usada para fins maliciosos. “Este é um exemplo claro das explorações de uso dual que a China tem vindo a aperfeiçoar ao longo dos anos”, disse Falco.
Dada a importância crítica das infraestruturas submarinas para as comunicações globais, Schmitt recomendou uma resposta coordenada das democracias mundiais para deter futuras tentativas de sabotagem. Ele sugeriu o uso de mecanismos consultivos da NATO, além de maior monitorização offshore e por satélite, para proteger estas infraestruturas vitais.
“A inação só irá encorajar Moscovo e Pequim a continuar com estas operações disruptivas de sabotagem, em detrimento da segurança global”, alertou Schmitt.