Investidores processam Suíça por eliminação de 17 mil milhões de euros em dívidas do Credit Suisse
Um grupo crescente de investidores entrou com uma ação judicial contra a Suíça, contestando a eliminação de 17 mil milhões de euros em títulos AT1 do Credit Suisse no âmbito da aquisição do banco pelo UBS. A alegação, apresentada no Tribunal de Nova Iorque, sustenta que o governo suíço “cedeu a praticamente todas as exigências do UBS” durante o processo de resgate.
Na quarta-feira, uma queixa alterada incluiu 39 novos assinantes, elevando o montante total reivindicado para mais de 359 milhões de euros, face aos 79 milhões iniciais, revela o ‘Financial Times’.
Os títulos AT1 (additional tier one), uma forma de capital que pode ser convertido em ações ou amortizado em situações de crise bancária, foram eliminados no processo de aquisição do Credit Suisse pelo UBS. Esta decisão permitiu que os acionistas recuperassem 3,3 mil milhões de dólares, deixando os detentores de AT1 sem compensação.
A medida gerou divisões no mercado financeiro. Enquanto alguns defendem que os investidores de AT1 estavam conscientes dos riscos, os advogados afirmam que também foram afetados pequenos investidores e reformados com poupanças aplicadas em planos de pensões.
Uma investigação parlamentar na Suíça, realizada no mês passado, criticou o regulador financeiro Finma pela gestão da crise, mas concluiu que a falência do Credit Suisse foi consequência de “anos de má gestão”. A partir das 569 páginas do relatório, os advogados dos investidores alegam que o governo suíço favoreceu o UBS, permitindo-lhe ditar os termos da aquisição, incluindo a controversa eliminação dos títulos AT1.
O governo suíço, representado pelo escritório Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, já havia solicitado o arquivamento da queixa inicial, invocando imunidade soberana e defendendo que o caso fosse transferido para os tribunais suíços.