Justiça: Veredito esperado no julgamento dos advogados do opositor russo Alexei Navalny

Um tribunal em Petushki, na região de Vladimir, Rússia, deverá anunciar hoje o veredito no julgamento de três advogados que representaram Alexei Navalny, opositor ao Kremlin que morreu na prisão em fevereiro deste ano. Vadim Kobzev, Alexei Liptser e Igor Sergunin enfrentam acusações de terem auxiliado Navalny a planear e cometer alegados crimes de extremismo enquanto estava detido.

Os três advogados foram detidos em outubro de 2023 e acusados de participação numa organização extremista, com o governo russo a adicioná-los, em novembro, à lista oficial de “terroristas e extremistas”. Segundo os promotores, Kobzev, Liptser e Sergunin transmitiram informações entre Navalny e os seus apoiantes no exterior, enquanto ele estava preso numa colónia penal na região de Vladimir.

As autoridades russas solicitaram penas de prisão severas para os advogados. Vadim Kobzev enfrenta uma possível pena de 5 anos e 11 meses numa colónia penal, Alexei Liptser de 5 anos e 10 meses, e Igor Sergunin de 5 anos e 6 meses.

Alexei Navalny, figura proeminente da oposição ao regime de Vladimir Putin, estava preso desde janeiro de 2021, após retornar à Rússia na sequência de um envenenamento que quase lhe custou a vida. Condenado por acusações de extremismo, que sempre negou, Navalny morreu subitamente em fevereiro de 2024, aos 47 anos. As autoridades apontaram “problemas cardíacos” como causa da morte, mas a família do opositor rejeitou essa explicação, alimentando suspeitas de que tenha sido alvo de um assassinato político.

Desde a morte de Navalny, o Kremlin intensificou a repressão às suas redes de apoio. Aliados próximos, como Ivan Zhdanov, continuam a denunciar a perseguição a pessoas ligadas ao opositor. Zhdanov, através do Telegram, criticou duramente o julgamento e as acusações contra os advogados, descrevendo-as como parte de uma “campanha de intimidação e silenciamento”.

O julgamento dos três advogados decorreu à porta fechada, com as autoridades a justificarem a medida como necessária para garantir a segurança. No entanto, críticos do regime apontam que estas práticas são comuns em processos políticos, com o objetivo de limitar a transparência e restringir o acesso a informações que possam contradizer a versão oficial dos eventos.

A repressão contínua contra advogados, aliados e apoiantes de Navalny reflete a postura cada vez mais rígida do Kremlin em relação à oposição interna. Este caso em particular levanta preocupações adicionais sobre a capacidade de defesa legal na Rússia, com a criminalização dos próprios advogados de figuras dissidentes.

O veredito esperado hoje poderá trazer mais uma demonstração do controlo do regime sobre o sistema judicial, num contexto de crescentes tensões internas e internacionais em torno das práticas autoritárias do governo russo.