Venezuela está hoje a ‘ferro e fogo’ com tomada de posse de Nicolás Maduro

Nesta sexta-feira, 10 de janeiro, Nicolás Maduro tomará posse para um terceiro mandato presidencial, após uma eleição marcada por alegações de fraude e tensão política. Com o país mergulhado numa crise política e económica profunda, a cerimónia será realizada sob forte esquema de segurança, com a mobilização de 1200 elementos das forças de segurança e milícias populares.

O processo eleitoral que conduziu Maduro à vitória foi altamente contestado pela oposição. Edmundo González, o candidato opositor que se encontra atualmente exilado em Espanha, afirma ter vencido as eleições de julho com 73% dos votos. González, que conta com o apoio dos Estados Unidos e de aliados regionais como o presidente argentino, declarou a sua intenção de regressar a Caracas para tomar posse, desafiando o governo de Maduro.

María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição, que foi impedida de concorrer às eleições, reforça que Maduro só se mantém no poder pela força. A oposição acusa a Comissão Nacional de Eleições Venezuelana de ser um instrumento do regime chavista, apontando a falta de transparência na recusa de disponibilizar as atas eleitorais.

Para além das forças de segurança, Maduro conta com o apoio de grupos de milícias populares para garantir a defesa do chavismo durante a cerimónia. Estão previstas manifestações de apoio e contestação, o que eleva ainda mais a tensão nas ruas de Caracas.

A situação remete a 2019, quando Juan Guaidó, então presidente da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino após eleições consideradas fraudulentas pela oposição. Guaidó foi reconhecido como presidente legítimo por mais de 60 países, incluindo os Estados Unidos e Portugal. Agora, o país enfrenta a possibilidade de ter novamente dois presidentes em disputa.

Com a tomada de posse de Nicolás Maduro, a Venezuela pode entrar numa nova fase de instabilidade política, à semelhança do que ocorreu em 2019. O retorno de González a Caracas e a sua intenção de tomar posse como presidente agrava ainda mais a polarização e incerteza sobre o futuro do país.

O cenário que se desenrola na Venezuela é um retrato da crise prolongada que afeta o país, com a comunidade internacional atenta aos desdobramentos desta sexta-feira. A questão que se impõe é como o governo de Maduro lidará com a contestação e se o país poderá encontrar uma via para a resolução pacífica do impasse político.